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A frase caiu-me como uma bomba, e sei que nunca me vou esquecer dela:
Estás a pensar só em ti.
Assim, a frio.
Era um almoço de domingo normalíssimo, ela estava-me a servir, eu disse que a quantidade que estava no prato era suficiente. A resposta não se fez tardar, gelada, crítica, como que a chicotear-me por ser uma péssima mãe. A frase foi esta mas bem que podia ter sido "és uma merda de mãe" ou "sua egoísta, estás a deixar o menino à fome", que ia dar ao mesmo.
Acho que não há coisa pior que se possa dizer a uma mãe do que acusá-la de descurar a cria.
Acaso achará esta alminha que ela ou qualquer outra pessoa zelam mais pelo meu filho do que eu? Será que passaram assim tantos anos que se tenha esquecido de todos os sacrifícios que uma grávida faz para garantir que a criança nasce bem? Terei eu escrito "INCOMPETENTE" na testa?
Nem o meu filho passa fome, nem tampouco eu sou estúpida.
Calhou de não ter engordado muito até agora. Quando engravidei estava acima do meu peso ideal, e fui tendo alguns cuidados não só para não ficar obesa, mas para garantir que o bebé tinha tudo aquilo de que necessitava. Só. Gostava de vos dizer que fui muitas vezes ao ginásio, mas seria mentira. Gostava de vos dizer que comi de forma exemplar, mas não haveria nada mais falso. Aconteceu de perder o apetite, aconteceu de enjoar de coisas como chocolate e doces, aconteceu de nada me saber bem, e acima de tudo aconteceu de este pequeno leitãozinho que carrego ser arraçado de ténia e me roubar tudo o que meto para o bucho.
Não estou a ser inconsciente, não estou a fazer dieta, calhou de ser assim.
E não há mal nenhum nisso.
Já vos disse aqui que não tenho uma barriga socialmente aceitável. Ora, se a minha barriga é relativamente pequena - que nem é, mas pronto - e o meu filho é enorme, não é preciso ser um génio para perceber que o espaço aqui não abunda, não é verdade?
O terceiro trimestre não está a ser meigo comigo, e um dos novos sintomas que me trouxe foram umas belas de umas dores de estômago, quando tenho mais olhos que barriga. Por vezes como muito depressa, ou como mais por gula do que por fome. E o meu estômago comprimido chega rapidamente à sua capacidade máxima. Juntem a isto um bebé com jeito para o sapateado, e dá para entender facilmente que, se como muito, fico muito mal. E se eu fico mal, será que ele fica bem?? Se eu passar o dia a contorcer-me com dores, estômago dilatado, em stress porque sei lá o que é normal e o que não é, fará bem à criança?
Não me parece.
Então se calhar, só se calhar, não estou a pensar "só" em mim. Mas também estou. E isso não é errado.