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Passamos o dia a desinfestar a casa. Bichos desparasitados e trancados na varanda, tudo o que podia ir à máquina enfiado em sacos pretos para ser lavado a 40º, casa limpa, spray anti-pulga em todos os cantos, uma canseira. Não reclamou uma vez. Não se queixou do facto de eu ter trazido os animais para casa, sacanas que já o conquistaram e ele nem gostava de bichezas. Não insinuou que provavelmente foi esta minha mania de mexer em tudo o que é vadio, a causa da infestação. Fez o trabalho mais sujo, o mais pesado, e nem pestanejou.

Ao fim do dia fui ao pé dele e abracei-o, enquanto pensava na sorte que tenho por ele existir. Nesse exacto momento, ele diz-me ao ouvido: "ao menos temo-nos um ao outro".

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3 da manhã e nem um pingo de sono

por Mia, em 17.05.16

Não, não tenho acordado tarde.

Não, não tenho dormido durante o dia.

Não, não me tenho deitado demasiado cedo.

São as putas das insónias, minhas bff que não me visitavam há anos, que aparentemente vieram para ficar.

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publicado às 03:01

Random shit

por Mia, em 17.05.16

Fui informada de que estava a fazer mal o luto. Que não é assim, não posso andar atarefada, ocupar a cabeça. Que a forma certa é deitar-me no sofá a ver tv e chorar bastante.

 

Decidi ir acender uma vela ao santo. Eu que nem sou dessas merdas, que já não sabia no que acreditava e agora ainda menos sei, arrastei o homem a um santuário e acendemos três velas. Não disse em voz alta, mas fiz uma promessa.

 

Só para animar as hostes, o meu dente desvitalizado ressuscitou das profundezas do inferno e tem-me dado dores horríveis todos os dias.

 

E porque uma desgraça nunca vem só, os bichos cá de casa apanharam pulgas. Como? Ninguém sabe, diz o sôtor que podemos ter trazido nos pés ou coisa que o valha.

 

No domingo quebrei. Achei que foi do acumular de coisas, mas vai na volta sou mesmo incompetente nessa merda do luto.

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Esta necessidade tão grande de organizar a casa, numa tentativa desenfreada de fazer com que a arrumação exterior se sobreponha ao caos interior.

A minha cabeça pode estar em frangalhos, mas, garanto, não há um fósforo fora do lugar nesta casa.

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publicado às 02:54

"Agora tens que resolver este problema e partir para outra"

"Não tarda nada já tens outro"

"Que chatice isso ter ficado aí"

"É pena, mas pronto, bola para a frente"

"Foi só um percalço, ainda és tão novinha!"

"Quanto mais depressa resolveres isso melhor"

 

Mas será tão difícil de entender que "este problema", este "percalço", "isso", foi durante mais de dois meses o meu bebé? Que não foi um rebuçado que me caiu ao chão mas não faz mal porque a seguir compro outro e está o problema resolvido? Que ter estado dias com o meu filho morto na barriga não foi "uma chatice", mas sim a tortura mais excruciante pela qual já passei na minha vida?

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"Agora vais ter que fazer uma dietazinha he he he"

 

E a vontade de começar a mandar gente pró caralho?!

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Mas a frase "vocês ainda são tão novos!" não me traz consolo. Quanto muito enraivece-me, pelo o facto de utilizarem a minha idade para tentar menosprezar a minha dor.

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Tinha acabado de saber, e por isso aquela necessidade histérica de gritar ao mundo. Mas não se pode, diz que dá azar, que devemos ser contidos, que não podemos preocupar os outros com uma coisa que pode ainda correr tão mal, egoísmo nosso. Então escolhi postar no blog, escondida atrás do meu anonimato, porque eu não sou a Mia, a Mia é a pessoa que escreve aqui no blog, e quem me havia de reconhecer, não é? Oh que alegria, poder dizer aquelas palavrinhas "em voz alta".


Assim que publiquei arrependi-me. Ai meu Deus que ainda alguém descobre quem eu sou. Ai que nem sequer contei à minha mãe e espetei com a notícia na net, o que fui eu fazer? Apagar estava fora de questão. Então pensei que o melhor seria esperar mais uns tempos para voltar a falar sobre o assunto. Talvez não até às 12 semanas, uma eternidade, mas até aquela ecografia quase no fim das nove, aí já estaria mais segura.

O tempo foi passando, e eu fui sossegando. Escrevia posts que guardava em rascunhos, para mais tarde partilhar. Estava tudo a correr tão bem, porque haveria de falhar agora tão perto dessa meta que é o primeiro trimestre? Aos pouquinhos, fomos contando às pessoas mais próximas, porque afinal, se corresse mal não iríamos querer o apoio delas?

As nove semanas chegaram, e estava tudo pacífico. Melhor que pacífico aliás, imagine-se que até os enjoos me deram descanso. O peito não me doía tanto. Até já tinha conseguido voltar a dormir uma noite inteira, que maravilha! Havia uma vozinha cá dentro que me dizia que não estava certo, que não era suposto ser assim. Mas ao mesmo tempo muitas vozes cá fora diziam que não, que isso é stress de mãe de primeira viagem... e o que sei eu, na verdade? Nove semanas quase no fim, e a tão esperada ecografia era ontem. E não foi preciso a médica dizer nada para eu perceber o que se passava. O coração não batia, o bebé não mexia. Soube no segundo em que o vi, que tinha acabado ali.

Agora não sei como reagir, oscilo entre a apatia e a depressão, e às vezes passo pela raiva e dou um pulinho ao optimismo e penso que (também) isto vai passar, e que para a próxima correrá melhor.

Uma grande amiga que há uns tempos passou pelo mesmo disse-me, nesse dia: "Não é o fim do mundo. Mas é o fim do meu bebé."
Acho que nunca tinha compreendido verdadeiramente o significado dessas duas frases. Até ontem.

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Help!

por Mia, em 03.05.16

Preciso de séries novas urgentemente. Só para terem assim uma noção do desespero, ando a ver as Kardashians. Sim, quando se pensa que uma pessoa não pode descer mais, eu gosto de surpreender e baixar ainda mais um pouco o nível. E agora, o que faço à minha vida? Sugestões? Recomendem-me coisas giras...

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"Cozinhei" uma massa instantânea na cafeteira do meu quarto de hotel. Comi-a à colher, numa chávena de chá. Bem boa que estava.

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