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Toda a minha vida quis ser mãe. Mas não só. Ser mãe não me chegava, toda a minha a vida quis estar grávida. Como é possível querer tanto algo do qual temos tanto medo? Não se explica.



Uma das maiores angústias da minha existência sempre foi não saber se conseguiria cumprir este objectivo. Porque conheço de perto outras realidades: quem tenha adoptado, quem tenha tido necessidade de recorrer à fertilização in vitro, quem tenha desistido, quem nunca tenha tido a mínima hipótese. Nunca tomei como garantida a hipótese de ser mãe.

Não sei se vai correr tudo bem daqui para a frente - tenho fé que sim - mas sei que sou mãe. Que tenho o meu filho na barriga há nove meses, que com todos os seus altos e baixos, esta foi a melhor experiência que vivi.



Não sinto que tive que ser eu a ter a criança. Não sinto qualquer tipo de rancor pelo facto de ter que ser eu a fazer o trabalho duro, e ainda que brinde o paizinho da criatura com comentários do tipo "o que é que me foste fazer?!?!" ou "a tua parte foi fácil, foram dois minutos de diversão", acho que é bastante óbvio que estou a brincar.



Ainda que vos tenha desfiado aqui todos os podres desta bela fase (alguns, vá), acho que não há necessidade de vos contar aquelas coisas que toda a gente sabe e que nos impingem nos livros de grávida: é incrível. Se foi fácil? Não foi, não está a ser. Não é suposto ser, acho eu. Mas valeu a pena - já valeu completamente a pena, mesmo que ainda não o tenha nos braços. E isso é espetacular.

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Maizena, Lipton Ice Tea, Corine de Farme, Ambre Solaire, Compal, Mitosyl, Skip, Carte D'or, Baby Dove, Woolite, Mimosa sem lactose... podia ficar aqui o dia todo. O que é que estas marcas/produtos têm em comum?

 

 

Má publicidade.

 

 

Quando de repente meia blogosfera começa a ser intolerante à lactose, ou tem pele atópica, ou resolve desenterrar memórias dos tempos em que os pais lhe faziam papa com maizena, ou qualquer outra história da carochinha que sirva para atirar areia para os olhos de quem lê e publicitar descaradamente um produto qualquer, é certo e sabido que a minha vontade de adquirir esse mesmo produto desce abaixo de zero. Pergunto-me se é só comigo que isto acontece, mas sei que não, basta abrir qualquer caixa de comentários para perceber que não. Mas ainda há alguém que acredite que isto funcione?

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<3

por Mia, em 28.07.17

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Ainda sobre o agendamento do parto

por Mia, em 28.07.17

Há algo de tão frio e pouco natural nesta coisa de escolher o aniversário de um filho, que me deixa imensamente triste.

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E não estou contente com isso.

 

 

Parece confuso?

 

 

É aquela palavrinha ali que me faz espécie, "electiva". Que diz que "escolhi" fazer uma cesariana, que me faz sentir mais fraca, menos capaz, de alguma forma menos digna.

 

 

Não sou de fanatismos: já aqui disse que queria um parto natural, pelas vantagens comprovadas, mas se tivesse que fazer uma cesariana aceitaria pacificamente. Mas não "tive que". Foi-me recomendado que o fizesse, devido ao peso da criança e à perspectiva de um parto complicado, mas em ultima instância a decisão foi minha, nossa, e decidimos os dois que não valia a pena correr o risco. Decidimos que o bebé, eu, e a nossa família somos a prioridade.

 

 

Então porque me sinto assim? Porque sinto que estou a falhar? Porque é que tenho vergonha da minha opção, como se escolher evitar um parto traumático fosse uma coisa terrível?

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Overly attached uterus

por Mia, em 27.07.17

38 semanas hoje, e não há meio de esta criança sair daqui...

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Recapitulemos: 10 meses de atraso na obra, contrato expirado há dois meses, ainda coisas por concluir, algumas das quais gravíssimas.

 

Ontem o fulano da empresa "chave na mão" vem cá, fotografa-me o exterior da casa e posta nas redes sociais, com um texto bonitinho a gabar-se de "mais um projecto concluído com sucesso". Depois de eu ter proibido, explicitamente, a divulgação de imagens da minha casa.

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De repente, todas as grávidas que me faziam companhia já tiveram as suas crias, e eu continuo aqui, à espera...

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Ora entao foda-se.

por Mia, em 26.07.17

Tenho estrias. Já falei aqui disso, e sei bem que fiz asneira no início da gravidez, mas foi agora, no final, que elas resolveram aparecer. E não é uma ou duas, daquelas que toda a gente tem e com as quais se vive (relativamente) bem.

 

Nada disso.

 

São pretas/vermelhas. Grandes, gigantes. Sei que não ajuda ter um bebé pesado que deu a volta muito cedo. Sei que a barriga caiu com o peso, e nota-se bem que a pele esticou até partir. Vê-se bem onde está o peso acumulado, e tenho o baixo ventre todo marcado, mas fogo. Eu pus creme todos os dias. Eu pus óleo, eu usei a porra da cinta para ajudar com o peso. E agora??

 

Tenho aplicado um sérum corrector, dizem que ainda é possível minimizar os danos enquanto estiverem assim vermelhas, mas será mesmo? E vocês, o que acham/recomendam? Se conhecem algum remédio infalível, agora seria uma boa altura para o partilhar com esta alma desesperada.

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Tenho lá fora os senhores da piscina, para terminar a montagem.

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Cada um a puxar para o seu lado, num excitex louco de quem quer que o puto nasça no seu dia. Eu? Eu gostava muito que o meu filho tivesse um dia só dele...

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Vou confessar aqui: detesto areia.

por Mia, em 20.07.17

E quando uma pessoa vos empresta um livro que supostamente é mesmo mesmo bom e vocês chegam a casa e instalam-se confortavelmente no sofá, debaixo do ar condicionado gelado, costas devidamente almofadadas e snacks à mão, abrem o dito livro e de repente vos cai toda uma praia em cima???

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Oscilar entre o "tirem-me o puto daqui JÁ" e o "vou ter taaaaantas saudades de o sentir a mexer aqui dentro da barriga".

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"Beijinho no coração" está seguramente no top 10 das que mais me perturba.

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Bebé foi rejeitado na creche - pobre criança, ainda nem nasceu e já está a levar tampas.

 

Fiz a inscrição aos 4 ou 5 meses de gravidez. Considerando que planeio tirar 9 meses de licença, a candidatura foi feita com mais de um ano de antecedência, e ainda assim não foi suficiente e fomos recambiados para um outro pólo, com menos condições, fora de mão e que não preenche todos os requisitos que queríamos.

 

Tudo bem.

 

Tratando-se de uma IPSS, calhou-nos a mensalidade máxima, que teremos que pagar a 50% durante 8 meses, apenas para garantir que, chegada a altura, o puto continua a ter vaga. Depois disso são 3 meses e meio de creche e termina o ano lectivo.

 

Não me parece bem.

 

Acho abusivo estar a pagar metade de uma mensalidade máxima durante tanto tempo sem usufruir de rigorosamente nada, não sendo sequer esta a nossa primeira escolha, e por isso mesmo começamos a considerar procurar alternativas, nem que sejam ligeiramente mais caras mensalmente mas que, globalmente - considerando os meses de utilização efectiva, a localização e condições da creche - compensem. Daí o título deste post: contem-me tudo! Será que ainda vou a tempo de procurar uma creche para o ano que vem? Desistindo desta candidatura na IPSS, somos banidos para todo o sempre? Este procedimento de pagar metade da mensalidade mesmo não usufruindo é normal em todo o lado? Não me escondam nada.

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Comprei um fato de banho de grávida nos saldos de inverno, mas o que falta para concluir a piscina está a demorar tanto tempo que, se tiver que apostar, tenho a criança ainda antes de o poder estrear.

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Gravidez não é doença.

 

E eu ia ser a prova viva disso. Não ia engordar muito. Não me iam inchar os pés nem as mãos. Iria trabalhar até quase ao final. Não me ia queixar das dores. Não ia tirar fotos à barriga. Não ia andar à pato. O cérebro de grávida não me ia afectar.

 

 

Ah ah ah. Sou tão engraçada, a pensar que controlo alguma coisa, não é?

 

 

A minha barriga cresceu tanto neste ultimo mês que já é recorrente ouvir o típico "tens a certeza que não são gémeos?" ou "estás prestes a explodir". Já estou de baixa há quase dois meses. Tiro fotos à minha barriga quase todos os dias - ainda que não as poste em lado nenhum, valha-me nossa senhora do bom senso. Larguei todos os anéis há meses, e desde a semana passada que os meus tornozelos não existem e os meus pés estão de um tamanho astronómico. Toda eu sou queixumes e gemidos, e quando tenho a bexiga cheia pareço uma pata choca. O meu cérebro virou pudim. Toma lá que é para aprenderes.

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Toda a vida tive medo de um parto natural e achei que a cesariana seria a saída fácil e segura. Até engravidar.

 

Não que tenha perdido o medo, longe disso. Mas toda a literatura e opiniões com que somos bombardeados descreve a cesariana como o demónio. És menos mulher, menos mãe, estás a colocar-te e à criança em risco desnecessário se optares por isso. Assim como acontece com o polémico tema da amamentação, ninguém se precave para aquelas situações em que não há alternativa, vai tudo a eito e se fazes isso não prestas.

 

 

Tudo bem.

 

 

Mentalizei-me que teria um parto natural, e mais importante: que era isso que queria. Li tudo o que havia para ler, planeei - tanto quanto se pode planear uma coisa tão imprevisível - em conjunto com a obstetra, definimos plano de parto, tudo a postos. Malas feitas, hospital escolhido, criança bem encaixada de cabeça para baixo, e... 3,5kg de peso estimado às 36 semanas, sem sinal de que o parto esteja eminente. "Estas coisas mudam do dia para a noite", diz a médica. Sei que sim. Sei que hoje ele pode não estar com vontade e amanhã pode decidir nascer. Mas e se não decidir? Ninguém no seu juízo perfeito provoca um parto antes das 38 semanas sem que haja um motivo clínico forte, e ser um bebé gordinho não o é. E a este ritmo, às 38 semanas já o monstrinho terá chegado aos 4 kg, sendo que nesse momento o parto natural deixa de ser uma opção.

 

 

E agora?

 

 

Agora tenho vontade de pegar em todos os livros de gravidez que li e fazer uma fogueirinha das boas. Agora tenho a cabeça cheia de lugares comuns e ideias preconcebidas sobre o fim do mundo que é fazer uma cesariana. Agora estou aqui morta de medo e sem saber para onde me virar. Pois então obrigadinha por nada, sim?

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Conversa de circunstância

por Mia, em 14.07.17

- Então, já está quase não?

- Sim, sim.

- É para quando?

- A qualquer momento.

 

 

O pânico na cara das pessoas é qualquer coisa de impagável.

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