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...

por Mia, em 28.11.17

O pior da maternidade não são as noites sem dormir. Não é o choro incessante, as dores de costas, o cansaço nem mesmo a fome. O que me mata um bocadinho por dentro todos os dias são as dores dele. É a angústia de que algo possa estar errado. De cada vez que se coloca a hipótese de alguma coisa não estar bem, é como se me arrancassem um órgão a sangue frio, e hoje sinto que me tiraram um pulmão. Custa-me tanto respirar como se estivesse submersa, estou tão preocupada que nem as lágrimas me saem. O meu menino pode não estar bem, e vamos ter que esperar (pelo menos) uma semana para saber. Venham daí essas vibrações positivas, que a coisa está difícil por aqui.

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O final de uma era

por Mia, em 28.11.17

Este ano, aos 30 anos, e pela primeira vez desde que sou gente, decidi: não vou comprar um calendário do advento de chocolates para mim. Pode ou não estar relacionado com o facto de o meu irmão ter comprado um para o monstrinho, que, não podendo comer, não há de se estragar...

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Numa festa de aniversário, enquanto se corta o bolo, alguém comenta que o monstrinho daqui a uns meses já comerá também bolo, ao que o pai responde: Não. Não tencionamos dar-lhe qualquer tipo de açúcar refinado antes dos dois anos.

 

Meus amigos. Isto que vos vou contar pode parecer um exagero, mas afianço-vos que é um retrato fiel do que se passou.

 

Houve gritos, houve amuos, houve cara feia. Toda uma mesa em alvoroço. A expressão "coitadinho do menino" saiu das mais diversas bocas. Argumentos como "tu lá podes controlar o que a criança come" ou até mesmo a ameaça "não come açúcar? Vais ver se não come açúcar." foram proferidos.

 

A ver se a gente se entende. Há algum motivo válido para uma criança comer açúcar? Juro que se me derem um, unzinho que seja, eu reconsidero. Até lá, não obrigada.

O açúcar - e quando falo em açúcar aqui refiro-me aos bolos, chocolates, rebuçados, sumos, e afins, e não ao açúcar que obtemos naturalmente através dos alimentos - não tem qualquer vantagem para as crianças. Não tem valor nutricional. Cria vício. Faz mal aos dentes. Fomenta a obesidade infantil. Torna as crianças mais hiperactivas. Cria maus hábitos.

 

Coitadinho do menino.

 

Coitadinho porquê, mesmo? Porque tem pais que se preocupam com ele? Uma criança que desconhece o que são doces, não vai sentir falta. Quanto mais tarde introduzirmos este veneno na alimentação dos nossos filhos, mais provável é que eles aprendam a gostar de coisas mais saudáveis.

Quando um adulto dá um doce a uma criança, não o faz pelo miúdo, fá-lo por egoísmo. Porque a criança vai gostar, e estará assim a "comprar" o seu afecto. Porque não ganhar esse afecto de outra forma, por exemplo, sei lá, brincando com ele?

 

Estes casais modernos têm todos as mesmas manias.

 

Hum, pergunto-me se haverá um motivo para isso. Será porque temos hoje mais informação do que havia há 30 anos atrás? Será porque estas manias têm algum fundamento?

 

Mas tu lá consegues controlar o que a criança come!

 

Como assim?! Por onde andará o meu filho de dois anos, que eu não terei controlo sobre o que ele come? Na creche não entra comida do exterior. Em casa eu controlo, obviamente, as refeições. Em casa de familiares eu estou por perto, ou deixarei indicações sobre como alimentar a criança. Francamente, se isto não é má vontade, não sei.

 

E perguntam vocês, então mas esta argumentação ajudou em alguma coisa?

Nicles.

Zero.

Niente.

Nada.

Entrou por um ouvido, saiu pelo outro. Somos maus pais porque não queremos dar bolinhos ao menino. Antevejo aqui um grande problema no futuro.

 

 

 

 

Ah, e em resposta à ameaça do "vais ver se não come açúcar", o meu homem saiu-se com esta: "dás-lhe uma vez e garanto que não dás a segunda", grande orgulho.

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Contentor para fraldas sangenic:

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Só para começo de conversa: é caro. O caixote em si não é a coisa mais barata de sempre. Depois: quem é que consegue segurar o puto no trocador enquanto abre um caixote que nem um pedal tem, coloca lá a fralda, e dá à manivela para que a fralda seja embalada individualmente? Mais do que isso: quem tem paciência?! A juntar à festa: e o preço obsceno das regargas? São sacos do lixo, senhores, sacos do lixo! Onde é que eu estava com a cabeça? E, só para fim de conversa, nem sequer isola o cheiro assim tão bem.

 

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publicado às 05:08

Robôs de cozinha para fazer comida de bebés, sim ou não?

 

Ponderamos comprar uma Bimby, uma Yammi ou aquela semelhante do Lidl, mas confesso: não só não percebo nada de robôs de cozinha como acho que são caros e que não lhes darei o devido uso. Na verdade nunca senti falta de um até agora: faço as piores sopas de sempre, e temo pelo apetite do monstrinho. Vai daí que resolvemos espreitar os robôs especializados em comida de bebé. Alguém desse lado já usou? Funciona bem? Vale a pena ou é dinheiro deitado ao lixo e mais vale avançar logo para uma coisa mais potente?

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Cadeia em favores #3

por Mia, em 22.11.17

Chego sempre tarde a estas coisas, mas por norma não falho, por isso cá vai a minha parte da cadeia em favores

#1 aqui
#2 aqui


Querida m-M,

Esse é um tema que dá pano para mangas, e poderia estar aqui o dia todo a divagar sobre o assunto. Ainda só passaram três meses, mas sinto que sou uma nova pessoa, ainda que sendo exactamente a mesma. Confusa? Bem vinda à maternidade.

Os meus core value são os que sempre foram, mantenho os mesmos princípios que sempre tive, no entanto algo mudou na forma como os sigo. Depois de ser mãe, parece que sinto tudo de uma forma extrapolada. Sou a Mia de antes, mas numa versão exagerada - para o bom e para o mau. Sou mais tolerante, mais paciente, tenho mais empatia pelos outros. Mas por outro lado sou mais assustada, medricas, preocupada, fatalista.

Sempre fui uma pessoa extremamente consciente da morte, desde criança, mas essa consciência tomou proporções assustadoras desde que fui mãe. Tenho medo de morrer como nunca tive na minha vida, tenho medo que as minhas pessoas morram, e, Deus me livre, morro de medo que aconteça alguma coisa ao meu monstrinho. Poderás pensar que isto é normal, mas se te disser que penso nisto várias vezes ao dia, todos os dias, a coisa torna-se um tanto ou quanto obsessivo.

A coisa mais engraçada que acho que me aconteceu por ter sido mãe foi ganhar a percepção de que a vida não é um destino, mas sim uma viagem. Tantas vezes ouvi coisas do género, mas acho que só agora tomei consciência. Dou por mim a pensar muitas vezes: se isto fosse um filme, acabava agora. Porque está tudo bem. Já está, já tenho o meu final feliz, e agora? Agora é vivê-lo. Certamente que amanhã aparecerá um novo drama. E dias maus. E dias felizes. E dias horríveis, alternados com fases incrivelmente boas. É assim a vida. Morro de medo de não a conseguir aproveitar o suficiente, mas sei que faço por isso todos os dias.


E agora passo a bola para a nervosinha da blogosfera: e tu, depois de seres mãe, como sentes que a tua forma de ver a vida foi afectada? E ainda: agora que concretizaste esse sonho, o que te falta?

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Na promoção de brinquedos do continente, com o miúdo no colo, abeiro-me do expositor de brinquedos de bebé:

 

- Bebé olha! Tantos brinquedos!

 

Sorri-me, ignorando por completo os brinquedos.

 

- Queres um brinquedo?

 

Continua a ignorar. Começo a pegar em brinquedos:

 

- Olha este! Queres este? Olha uma bola! Um telemóvel! Oh, olha este, tão fofo! Olha um comboinho! Queres? Queres?

 

Zero interesse.

 

- Pede-me um brinquedo, vá lá!

 

Não liga peva.

 

- Pronto, está bem, a mãe dá-te esta girafa.

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Mia e a sobremesa assombrada

por Mia, em 21.11.17

Andava há semanas para fazer uma sobremesa que comi há tempos em casa da minha avó. A coisa é simples: leite creme, gelatina de morango, morangos.

 

Primeiro não havia morangos, claro, não é a época deles, querias o quê? Semana após semana, e morangos nem vê-los. Desisti e avancei para as amoras, são frutos vermelhos na mesma, certo? Comprei, e planeei fazer no dia seguinte.

 

Chegado o dia, abro o armário para ver se tinha todos os ingredientes: a maizena tinha expirado em 2016. Tudo bem, amanhã compro.

 

Mais um dia passado, maizena comprada, abro o frigorífico em busca de ovos: não há. Grrrr. Ligo ao homem: traz-me ovos quando vieres para casa, por favor. Raios me partam, de hoje não passa.

 

Entretanto vou começar a fazer a gelatina, assim já vai solidificando. É claro que não havia gelatina de morango. Mas havia de melancia, close enough.

Penso cá para mim: já que estou a fazer gelatina aproveito e faço as duas saquetas, uma uso para o doce e outra distribuo em potinhos individuais - sabem, daqueles que têm uma tampinha em cima e uma em baixo? Assim fiz: seis potinhos espalhados no balcão e uma caixa grande, todos cheios e começo a tapá-los quando me apercebo que só tenho cinco tampas. Não há problema nenhum, é só verter o conteúdo de um dos potes na caixa grande. E eis que, no momento em que vou fazer isso, se dá o apocalipse.

 

O que aconteceu foi uma sucessão de eventos simultâneos, e que eu caia aqui mortinha se esta merda não é verdade. No segundo em que elevo o pote no ar, a tampa de baixo solta-se, e voa gelatina POR TODO O LADO. Armários, chão, os meus chinelos, balcão, tudo o que podem imaginar - sempre bom, porque até temos poucas formigas. No mesmo instante, o miúdo acorda e começa a chorar. Ainda nesse mesmo segundo, o gato que tinha saltado para o balcão para cheirar o que eu estava a fazer, assusta-se e corre para o outro lado do balcão. A gata, que estava nessa ponta, assusta-se com o barulho e salta para o chão derrubando o suporte das facas e dois quadros.

 

*inspira*

*expira*

 

Começo a limpar - como é que um pote tão pequeno leva TANTA gelatina?! O bebé a chorar, os gatos de volta de mim, o chão a começar a colar. Tento enxotar os gatos. O bebé chora. Os gatos a começar a tentar meter as patas na gelatina. SAIAM-ME DA FRENTE! Os gatos fogem, o bebé cala-se. Sentimento de culpa nos píncaros, desculpa bebé, não gritei para ti, beijinho beijinho, prendo os gatos, acabo de limpar a gelatina.

 

O homem chega com os ovos, faço o leite creme, corto a gelatina, misturo as amoras. Ficou bem boa a sobremesa. Nunca mais me apanham a fazê-la.

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Em casa de familiares, acabei de trocar a fralda ao miúdo, e prestes a vestir-lhe o pijama, estando o bebé apenas com a fralda e o body interior vestidos. Normalmente quando vamos a algum lado de noite levo o pijama e um casaco quentinho, e assim ele adormece no carro e já só acorda de manhã. Estava então a meio do processo quando o dono da casa entra no quarto, olha para ele e diz:
- Mas que bem que ele está!


Sorrio. Insiste.


- Mas que bem que ele está assim de perna ao léu!


Sorrio. Continua.


- Que bem que ele está, assim é que ele havia de andar sempre!


Tento ignorar a crítica implícita à forma como visto o meu filho, e sorrio de novo. Insiste.


- Assim é que ele devia andar sempre!


Não aguento ficar calada e respondo:


- Estão 10 graus lá fora!


wtf.

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Bebé em contacto com um cão pela primeira vez. Tudo muito bem, tudo muito pacífico: o cão saltitava para tentar ver o puto e ele ria-se. Mas que bom, Mia, a criança a habituar-se a animais, que giro, que fofo - não é?
Então alguém me explique a necessidade de vir uma pessoa ao pé da criança dizer-lhe: ai que o au au vai-te dar uma trinca!


É coisa que me tira do sério. Criticam-se as crianças que são medrosas: que fogem dos cães e dos gatos, que têm medo do escuro, que não largam as saias  da mãe. No entanto, da mesma boca de onde saem essas críticas saem frases como "o au au vai-te dar uma trinca", "o papão vem aí para te roubar os soluços" e "a tua mãe vai-se embora e tu ficas aqui comigo". Não me chegava ter que educar a criança, ainda tenho que desfazer todas estas ideias de merda que me metem na cabeça do puto?!

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"Não, não. A Bexsero normalmente não faz febre, eles ficam é mais irritadiços um bocadinho."

De zero a cem, quanto imaginam que foi o meu nível de pânico quando o miúdo em 30 minutos passa dos 37º para os 38,5º?! Mil. Foi mil.

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Pessoa está com o bebé ao colo e eu aproximo-me. O monstrinho abre um grande sorriso, eu sorrio de volta e afasto-me ligeiramente - tento dar algum espaço para que se habitue a outros colos que não sempre o meu. Bebé, imediatamente começa a choramingar e a atirar-se na minha direcção. Eu começo a falar com ele, sem lhe pegar, para que perceba que estou ali, só não estou com ele ao colo. Monstrinho começa a chorar "a sério" e sempre a tentar atirar-se para cima de mim. O que faz uma pessoa normal, ao ver que uma criança quer ir ao colo da mãe e a mãe está mesmo ali ao lado? Passa-a à mãe, ou agarra-se a ela à força toda, deixando-a chorar desalmadamente até que a mãe seja forçada a tirar-lhe o puto? Pois.

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publicado às 07:48

Meu rico menino

por Mia, em 14.11.17

Eu a fazer o maior estardalhaço a arrumar a loiça da máquina, e quando olho ele tinha adormecido, sossegadinho, na sua alcofa.

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Não importa para nada o bem estar do bebé. Precisa de dormir? Tem fome? Quer ir ao colo da mãe? Irrelevante. O que importa é pegar-lhe, é brincar com ele, é mostrá-lo a toda a gente. Que se lixe se para isso temos que o acordar, se se adia a mama, se a criança chora, desde que as vontades sejam satisfeitas e o ego esteja quentinho, está tudo bem.

 

Não me lixem, esta merda não é amor, é doença.

 

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O meu filho precisa de uma piscina de bolas.

 

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O que se bebe com castanhas quando o vinho tinto está off limits?

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Bom São Martinho, para quem pode!

 

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Faz hoje 5 meses que o contrato com a empresa chave na mão terminou. Aposto que não adivinham o estado da obra.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se o vosso palpite foi: parada há mais de quatro meses, estão................... ABSOLUTAMENTE CERTOS!!!!

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Aproveito que já vou com delay sobre a história do juiz e da violência doméstica, para vos contar uma conversa à qual assisti, estava eu gravidíssima, na fila do Lidl. Pois que a menina da caixa e a senhora que estava a ser atendida falavam alegremente, entre risinhos, de qualquer coisa como isto:
- pois, ele se lhe bateu é porque ela fez alguma.
- claro! eu também acho, ninguém bate sem motivo.
- é o que eu digo, se ele lhe assentou, assentou bem
- ela de certeza que mereceu, eu também acho, se levou, é porque fez por isso.


Mulheres. A ser cabras para outras mulheres desde... sempre.

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Aquela familiar idosa que sabe tudo, mas depois vamos dar com ela a "embalar" o menino dentro do carrinho, movimentando-o para trás, e contra a parede... para trás, e contra a parede...

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publicado às 08:00

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