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Ainda não tínhamos data, quinta, padre, fotógrafo… já eu andava preocupada com o vestido. Prioridades.
Sabia muito bem o que queria. Era este:
Foi amor à primeira vista. Olhei, e tinha que ser este. A quem possa interessar, é da Pronovias, modelo Matiz. Marquei então um sábado chuvoso no início de Novembro. Juntei a minha mãe, cunhada, duas amigas e lá fomos em busca do vestido ideal. Ia com as expectativas rasteirinhas e a agenda cheia, que se é para dedicar o dia a isso pois que seja em grande.
Começamos, claro, na Pronovias. Tinha ligado mais de uma semana antes e pedido explicitamente pelo vestido que queria. Pois que sim, que o teriam lá à minha espera. E é claro que não tinham. Para ser sincera, toda a experiência deixou muito a desejar: desde ficar imenso tempo à espera, ao facto de não terem o vestido que eu tinha ido de propósito experimentar (sabe que eles às vezes não estão cá, disse-me a menina - como assim?! saem para dar uma volta?) até terem-nos encafuado às cinco num provador minúsculo para o efeito. Na minha cabeça, a prova de vestidos implicaria um grande provador, flutes de champanhe, e as acompanhantes cá fora, ao estilo say yes to the dress. Não aconteceu.
A funcionária também não era propriamente um doce. Mas era um dia especial, e uma pessoa releva.
O primeiro vestido arrancou lágrimas a algumas das pessoas presentes. A sensação de me ver vestida de noiva foi estranha, mas surpreendentemente agradável. Experimentei mais dois ou três vestidos, nenhum me falou ao coração. A ajudar, o facto de os vestidos serem pequenos - algo transversal a todas as lojas onde fui, excepto a última. Que loucura é essa? Não sendo pessoa magra, habitualmente enfio o corpinho num 38 ou tamanho M. Pois em dezenas de vestidos, se meia dúzia apertavam já era muito. Ridículo, pessoas, ridículo.
Ao vir embora, saio do provador onde me tinham enfiado com as meninas, e dou de caras com uma jovem a experimentar um vestido cá fora em frente ao espelho, e comento: aquele também é bonito. Não era o tipo de vestido que compraria - ou assim pensava naquele momento - mas era bonito, e eu estava apenas a comentar. Ao que a menina da loja me diz de imediato: é, mas não é para toda a gente. Não é qualquer corpo que fica bem naquele vestido. Ok. Entendi a mensagem. E risquei da minha lista. Bitch.
Adiante. Passamos à segunda loja. Mais uma vez todas a monte numa salinha minúscula, uma funcionária com pressa para almoçar e vestidos enfiados uns atrás dos outros. Gostei de alguns, não adorei nenhum, pausamos para ir almoçar.
No fim de almoço seguimos viagem, desta feita na única loja que correspondeu às minhas expectativas. Um provador só para mim, elas todas cá fora à espera da saída triunfal, chocolates, e uma menina simpática que não só foi incansável e me trouxe tudo o que eu pedi como ainda sugeriu o que achava que me ficava bem. Mais uma vez gostei de alguns, o meu coração chegou até a palpitar por dois, mas não tinha a certeza de nenhum.
Viemos embora com um ligeiro sentimento de frustração. Tínhamos ainda mais uma loja para ver, mas já não tinha expectativas de encontrar 'O' vestido. A última loja era de bairro, já mais antiga e com cheiro meio estranho. O meu preconceito disse-me logo que não estava ali a fazer nada... e não podia estar mais enganada. Talvez fosse cansaço, talvez estivesse relacionado com o facto de os vestidos efectivamente me servirem e por isso assentarem melhor no corpo. Facto é que gostei de tudo o que experimentei. E depois experimentei aquele. Aquele que era tudo o que eu disse que não queria num vestido. Experimentei, gostei. Obtive consenso do meu comité. Dei voltas e voltas. Ensaiei a subida ao altar. Troquei para outro, e voltei ao mesmo. E comprei.
Não sei se haveria algo que fosse mais a minha cara, não sei se foi o que me ficou melhor, não sei se foi a melhor escolha. Algumas pessoas dirão que sim, outras que não. Sei que é lindo e que foi o vestido que me fez sentido. E pronto. Foi assim que, no dia 2 de Novembro, sem sequer ter data para o casório, passei a ter vestido de noiva.