A brincadeira começou há coisa de um ano atrás. Apareceu tímida, pequenina e quase imperceptível: a minha primeira branca. Não fui de meias medidas e arranquei-a. Ah, não deves porque nascem mais sete. Caguei. Voltei à minha vida, feliz e contente, até que na semana passada, enquanto esticava o cabelo, olho no espelho e lá está a puta outra vez. Raça da branca, ali no mesmo sítio, desta vez um pouco maior. Arranquei. Ah, não deves, porque... SHHHHHH! Acabou-se o cabelo branco, e tudo estava bem no universo outra vez, até que hoje dou com mais um. Semi-branco, ainda da cor original em baixo mas branco na raiz, como que a lembrar o que vem aí, que a vida avança e uma pessoa não vai para nova. Isto dos cabelos brancos pode parecer uma futilidade, há quem me diga até que é ridículo queixar-me dos meus dois cabelos brancos considerando que estou a bater nos 32 e há muito boa gente da minha idade com meia cabeleira grisalha. Entendo. Mas para mim isto é muito mais do que vaidade. É um lembrete de que a vida não dura para sempre, que o corpo começa a estragar-se, e que a nossa presença neste mundo passa tão rápido. E caramba, como eu gosto de cá andar.