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No centro de saúde, peço para actualizarem os meus contactos, uma vez que ainda pertencia ao agregado familiar do meu pai e, consequentemente, ele era notificado de todas as minhas marcações, e eu não.
Bla bla bla, muitos "não dá", muita insistência, e mil burocracias depois - nem vou dissecar mais isto que sofro dos nervos - finalmente acedem a preencher os meus dados. Ao terminar, a funcionária repara no homem ao meu lado e pergunta-me se o meu marido também se quer inscrever no centro de saúde. Digo que não, ela escreve mais qualquer coisa, e mostra-me a folha com os dados para eu confirmar.
Qual não é o meu espanto quando reparo que, onde deveria estar o meu nome, aparece: "Cônjuge de 01". Ao questionar porquê, a explicação é muito simples: pois que um dia o meu homem pode querer inscrever-se no centro de saúde, e, evidentemente, ele deverá ser o primeiro elemento da família, mas afinal quem é que manda lá em casa???
Até lá, eu sou o nº 2, e deixo de ser a Mia, sou o "Cônjuge de 01", pois com certeza, onde já se viu mulher ter nome?
Portanto, uma pessoa deixa de "pertencer" ao pai e tem obrigatoriamente que "pertencer" a um marido. E se ele não existir, deixa-se ali o lugar aberto, à espera, Deus nos livre de uma mulher ser dona e senhora da sua vida.
Eu achava que o meu banco era estúpido e machista por dirigir toda a correspondência da NOSSA conta a ele, por as MINHAS transferências assumirem o nome DELE, por apenas lhe ligarem A ELE no aniversário, etc. etc. Mas ser passada para segundo plano porque existe a hipótese de um homem, um dia, eventualmente, querer partilhar o médico de família comigo... isto ultrapassa todos os limites do razoável.