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Olhando para trás, acho que a palavra que melhor definiu esta altura foi medo.

 

Soube ainda antes das 4 semanas, mas optei por não contar a quase ninguém até fazer a eco das 12 semanas - ou no meu caso das 13 semanas e 4 dias (penso eu). Acho que nem me permiti ficar feliz até essa altura. Aliás, se for completamente honesta, acho que não me permiti nunca em toda a gravidez ficar completamente feliz.

 

 

Logo no início, um pequeno susto: acordei a meio da noite cheia de dores de barriga. Teria umas 5 semanas de gestação, e entrei em pânico absoluto. Fiquei na cama agarrada à barriga, com a certeza de que tinha acabado ali. Estava certa de que assim que fosse ao quarto de banho veria uma hemorragia intensa, e foi preciso toda a minha coragem para ir. Tudo normal. Não se passava nada. Ele perguntava-me se eu queria ir ao hospital, mas naquele momento parecia-me absurdo fazê-lo. Ainda era cedo para procurar um batimento cardíaco, e não tinha mais sinais. Podia perfeitamente ser uma dor de estômago, intestinos ou outra coisa qualquer dentro do género - e provavelmente foi. Deitei-me novamente e senti o pânico a apoderar-se de mim. Nervos, calor, tonturas. Procurei controlar a respiração enquanto massajava a barriga e acalmei-me. Dias depois, na consulta das 6 semanas, vimos um coraçãozinho a bater.

 

 

Apesar de me ter sentido inchadíssima desde o início e achar que toda a gente notava, agora olhando para as fotos isso parece-me absurdo. O único sinal bem visível desde o início foi a minha cara: inchada e cheia de acne, tão invulgar em mim.

 

 

Às 10 semanas comprei as minhas primeiras calças de grávida, que me acompanharam até ao fim. Tive a sorte de não engordar no rabo ou nas pernas, mas nessa altura as calças normais já começavam a apertar a barriga, e o medo de estar a apertar a criança falou mais alto. Apesar de ter mentalmente decidido só começar a comprar coisas para a gravidez e para a criança depois do primeiro trimestre, tive que ceder aqui. Esta atitudezinha de merda também me fez fazer algumas borradas, como foi o caso da prevenção das estrias, tema sobre o qual vos falei aqui, e que acabei por pagar bem caro.

 

 

Agora à distância não me parece que tenha sido um primeiro trimestre terrível, mas sei que não foi fácil. Lembro-me de ter enjoos todas as noites, apesar de não ter vomitado uma única vez. O cheiro do chocolate dava-me náuseas. Em compensação, uma vez comi um prato cheio de brócolos - que odeio - e soube-me maravilhosamente bem.

Sempre adorei comer, e com a gravidez a comida deixou de me satisfazer. E nunca mais voltei ao normal, mesmo após o parto. Contam-se pelos dedos das mãos as vezes em que me apeteceu mesmo alguma coisa, a maior parte das vezes comer era só uma necessidade - falei disso aqui, e de como a fome era algo que aparecia subitamente. A azia também foi presença constante neste primeiro trimestre. De manhã, à tarde, à noite, só me abandonou por momentos no segundo trimestre, mas voltou a ser a minha fiel companheira desde o início do terceiro até ao final.

 

 

O cansaço nos primeiros meses tomou conta de mim. Para além de grávida, o primeiro trimestre coincidiu com um pico de trabalho, e não foi fácil. Ninguém te dá abébias quando não sabem que estás grávida, por muito cansada que estejas. Bastava-me encostar uns minutos para adormecer. A par disto, tínhamos acabado de mudar de casa, era inverno, estava frio e chuvoso, a nossa vida estava encaixotada e não tínhamos aquecimento. Nessa altura ele viajava praticamente todas as semanas, e eu tive momentos em que me senti desamparada e miserável. Também o meu sistema imunitário se ressentiu, e fui brindada com uma úlcera na córnea. Os dentes, sempre tão amigos das grávidas, também não me abandoraram, e tive direito a alguns dissabores, como bruxismo, gengivas rebentadas, e mais tarde até mesmo dentes a abanar. Foi giro, pá!

 

 

Passada a eco das 9 semanas e ultrapassado - se é que alguma vez se ultrapassa - o trauma anterior, a gravidez começou a parecer-me real. Permiti-me respirar - às vezes - e pensar num final feliz. Tinha a certeza que esperava uma menina, e não poderia estar mais enganada. Quem disse que a intuição de mãe não falha???

No final do primeiro trimestre fui fazer análises e rastreio bioquímico. O resultado não tardou, mas os números, sem a ecografia, não servem de nada, por isso mais um camadão de nervos. Enquanto esperava pelo dia da consulta, ia olhando de lado os panfletos que me tinham dado no hospital sobre amniocentese e harmony, e opções caso o resultado não fosse bom. Nervos infinitos, sabeis lá.

 

 

Finalmente chegou o dia. Ele estava em viagem, por isso a minha mãe acompanhou-me. E correu tudo bem. Não só vimos um bebé perfeito e saudável, como ficamos a saber que vinha aí um rapazinho. E a partir daí começou a melhor parte... e todo um conjunto de preocupações novas!

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publicado às 14:49


2 comentários

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De C.S. a 30.08.2017 às 15:05

😐 Deve ser um grande stress...
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De Mia a 31.08.2017 às 13:07

Sem dúvida, o inicio é muito complicado...

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