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Tréguas.
Foi, sem sombra de dúvida, o melhor da gravidez.
De repente, o meu corpo era meu outra vez. Podia comer sem enjoar, a azia deixou-me, já conseguia funcionar o dia todo com os olhos abertos em vez de andar a cair pelos cantos, que maravilha!
É claro que, ultrapassado o medo inicial, questões mais futeis surgem, e de repente dei por mim a sentir mais a falta daquele copo de vinho, de uma barrigada de sushi, de comer uma salada fora de casa ou até mesmo de presunto - nunca adorei de paixão, mas acho que houve momentos em que matava por melão com presunto.
Depois, aquela parte gira de contar a toda a gente. Começamos pela família e amigos chegados. Alguns já suspeitavam, outros foram completamente apanhados de suspresa, mas todos reagiram com entusiasmo. Contei a um amigo que nunca mais me falou. Contei às minhas colegas de trabalho, e nunca fui tão apaparicada em toda a minha vida. Contei-vos, e desde então este tasco virou praticamente um baby-blog (desculpem qualquer coisinha!). Ao completar os quatro meses, decidi que estava na hora de contar ao mundo - porque estava farta de esconder, porque não queria ter que contar no emprego, um a um, e acima de tudo porque achei que tinha que enfrentar o meu medo que corresse mal - por isso dei a novidade no facebook.
Com o segundo trimestre chegou também a minha parte preferida: preparar o enxoval. Fiz a eco das 13 semanas no início de Fevereiro, e no dia seguinte comecei a fazer compras. Ele continuava em viagem, eu tinha um cartão de crédito e estavamos ainda em época de saldos. Agora pensem.
Fiz listas infinitas, corremos os restos dos saldos de ponta a ponta. Os três meses que se seguiram foram a verdadeira loucura: compramos roupa, acessórios, móveis. Transformamos o quarto da tralha em quarto do bebé, e o quarto de hóspedes no quarto da tralha. Mais para o fim do trimestre, começamos a lavar e a passar roupa, e partilhei convosco as minhas dúvidas e aquisições.
Mas a loucura não foi só nossa! As avós entraram em baby-mode e era raro o fim de semana em que não tinham qualquer coisa para o menino. Família, amigos e até blogo-tias, todos contribuiram com algo, e eu que sou uma pessoa tão fria vi-me envolvida numa onda gigante de carinho. Até mesmo pessoas da nossa infância: aquela senhora velhinha que já raramente vemos mas andou connosco ao colo, a amiga da mãe, a tia da avó, a prima afastada, sei lá... todas essas pessoas tinham um miminho: alguém bordou uma fralda, uma toalha, um babete... há quem tenha feito um casaco, uns carapins, uma manta. O armário do meu filho conta neste momento com 18 mantas, e eu comprei apenas uma. Temos toalhas para ele usar até chegar à faculdade, não conseguiremos, de forma alguma, usar todos os casaquinhos que nos tricotatam, e creio que é humanamente impossível um bebé gastar tantas fraldas de pano como as que nos deram. Mas acima de tudo, temos o coração a transbordar de amor.
É claro que houve incómodos, há sempre. Comecei a "respirar alto". Ouvi bocas foleiras. Senti-me gorda, enorme, gigante, irritada e impaciente, mas também estupidamente feliz.
E depois um dia ele mexeu-se. A bem da verdade, ele já se mexia desde sempre, eu é que não o sentia. Mas depois de começar, oh, desde aí tudo foi melhor.