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Sempre assumi que, quando engravidasse, teria a criança no hospital público. É aquela velha máxima, se foi suficiente para a minha mãe, para a minha sogra, para as minhas tias... também há de ser suficiente para mim, certo? A isto acresce que o hospital público da minha zona tem fama de ter uma excelente maternidade, e sempre assumi que iria por aí, nunca outra hipótese esteve em cima da mesa.

 

Mas entretanto... não chegava as coisas não terem corrido pelo melhor das vezes que lá fui. Sou uma curiosa e não descansei enquanto não esgravatei todas as histórias - boas e más - que podia sobre partos e atendimento naquele hospital. Depois claro, quanto mais sei, mais dúvidas tenho.

 

Decidi então fazer listas - prós e contras para cada hospital.

 

Comecemos pelo positivo de parir no público:

  • Dizem que o hospital tem excelentes condições.
  • A opinião, de uma forma geral, é de que os partos ainda que não corram sempre bem, têm um final feliz.
  • Os quartos são individuais e o pai pode passar a noite (no entanto os horários são mais restritos).
  • O parto é gratuito.
  • Dispõe de cuidados intensivos (para ele e para mim).

 

 

Por outro lado:

  • Obter informações sobre o hospital (visita à maternidade, curso de preparação e quaisquer dúvidas, só arrancado a ferros e com muito mau feitio).
  • A minha obstetra não poderá acompanhar o parto, nem o pós.
  • Más experiências com o SNS levam-me a duvidar da competência dos médicos que lá trabalham.
  • Ainda que sejam competentes, a falta de cuidado e humanidade na forma como tratam os pacientes assusta-me.
  • Dependendo de quanto tempo demorar o parto, posso passar por várias "mãos": diferentes médicos, enfermeiros, etc, e vai-se a ver e ninguém está a acompanhar o caso devidamente.
  • As indicações são claras: uma cesariana só é efetuada em ultimo recurso. Nem que isto implique o uso de fórceps e ventosas, e colocar a mãe e o bebé em stress e sofrimento mais tempo do que o recomendável.
  • Estagiários. Estagiários a examinar o parto, estagiários a fazer o toque, estagiários que nunca vi mais gordos nem conheço de parte alguma a invadir a minha privacidade e o meu corpo, sem ter a hipótese de recusar.
  • O estacionamento é pago (ou então temos que deixar o carro onde Judas perdeu as botas)

 

 

no privado, as vantagens são:

  • Seria a minha obstetra a fazer o parto, e a acompanhar o pós-parto.
  • Há todo um cuidado, atenção e conforto na forma como se lida com os pacientes.
  • A visita à maternidade é bem planeada e incentivada.
  • A informação é de que os partos são mais simples e descomplicados.
  • Posso fazer lá o curso, gratuitamente, e ser acompanhada pelas mesmas enfermeiras que assistirão ao parto.
  • Excelentes instalações.
  • Os quartos são individuais e o pai pode passar a noite, com maior liberdade de horários.
  • Em caso de complicações, não se arrisca e avança-se para uma cesariana.
  • Não deixam a mãe em sofrimento à espera que o parto natural se dê.
  • O estacionamento à porta é gratuito.

 

 

Mas por outro lado:

  • Tem custos - ainda que o seguro comparticipe perto de 90%, o restante tem que ser suportado por nós.
  • O hospital não dispõe de cuidados intensivos neonatais. Caso haja algum problema, o bebé terá que ser transferido para o público. O mesmo acontece se o problema for comigo.
  • Há todo o preconceito associado a optar pelo público: és mimada, cagarolas, queres é fazer uma cesariana.

 

 

Posto isto não sei. Sendo totalmente honesta, estou inclinada para o privado, parece-me mais cómodo, mais simples, e acima de tudo mais seguro. O meu maior medo de seguir esta opção era a questão de transferência do pequeno para o público se alguma coisa correr mal, mas, ao expor esta situação à minha médica, ela sossegou-me dizendo: "é claro que aqui não arriscamos tanto que as coisas corram mal". Mas pode acontecer. Pode sempre acontecer.

 

Sou caguinchas, é verdade. Sou fisicamente fraca (sou menina para desmaiar de nervos) e emocionalmente já fui mais estável. Tenho muito medo, cada vez mais, sou assaltada por cenários escabrosos com frequência e preciso de calma, tranquilidade e de ter perto de mim alguém que me sossegue e compreenda. No fundo preciso de ser bem tratada, e acho que no público não vou ser.

 

E vocês? O que fariam (ou fizeram)?

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publicado às 07:52


27 comentários

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De Mia a 05.05.2017 às 18:27

O que te aconteceu no privado na eco das 7 semanas foi um caso sério de negligência. Não sei se a médica era incompetente e não reparou (?!?!)ou se não quis saber, mas não podia ter acontecido assim. Ainda bem que te têm tratado bem no publico, especialmente porque a gravidez de risco não te permite ter alternativa. No meu caso posso-me queixar do contrário - não preciso dos abraços e dos beijinhos, mas em todas as interações que tive com o centro de saúde e hospital saí de lá a chorar e/ou preocupada. Trataram-me como um animal, não tiveram o mínimo de cuidado, foram negligentes nos cuidados que prestaram. Do curso nem querem falar, e o pedido de visita à maternidade é visto como uma "frescura". No geral, dizem-me "é uma questão de sorte", e eu acho este assunto demasiado sério, e sou demasiado azarada, para apostar na sorte!
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De nervosomiudinho.blogs.sapo.pt a 05.05.2017 às 19:34

Os que fazem privado fazem público, há muito maus profissionais em todo o lado. Das três médicas com quem contactei no privado só gostei de uma, com aquela estupidez perdi toda a fé no atendimento privado. Ia escolher outro privado com uma médica do público que gostei mas depois além de mais complicado gostei mesmo muito de instalações e pessoas onde estou. Mas uma das opções pq o outro sitio público nem ponderava porque conheço, se não gostas e são assim, não vale a pena arriscar, já estás mentalizada que qualquer coisa e transferem para o público, o mais certo é não ser preciso e tens o conforto e boas condições hoteleiras. É a única coisa que me custa é não ter a certeza que ele fica connosco durante a noite, até preferia que houvesse uma taxa moderadora extra que pagavamos.  
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De Mia a 08.05.2017 às 13:47

Pois, aqui no publico o pai pode ficar, o que é um grande conforto. Tem sido complicado pesar os prós e contras aqui, é uma decisão que me tem deixado mesmo angustiada.

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