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E então casamos - o dia

por Mia, em 24.08.20

Já aqui contei tantos pormenores que parece que falei sobre o dia todo. Mas ainda há mais um bocadinho.

Tínhamos decidido não dormir juntos nessa noite, mas mudamos os planos à ultima - porque sim. Acordamos juntos e eu fui ao cabeleireiro com uma das minhas damas de honor, enquanto ele ficou com o miúdo. Entretanto a minha mãe chegou e ele foi para casa do padrinho.

Cabelos tratados, e regressei a casa. Estava com o estômago embrulhado, apesar de não me sentir nervosa. Pus uma torrada a fazer, quando tocaram à campainha - era a menina com as flores. Demos dois dedos de conversa, trouxe o ramo, coroas e flor de lapela para o meu pai, e fui procurar espaço no frigorífico para as guardar. Entretanto queimei a torrada.

Chegou a maquilhadora - tinha-me ligado 50 vezes e eu nem tinha o telemóvel perto. Estava perdida e podia ter corrido tudo mal, mas correu tudo bem. Maquilhou a minha amiga, a minha mãe, e eu quis ficar para o final, para ir com a maquilhagem o mais 'fresca' possível.

Terminada a maquilhagem, hora de vestir. Pelo meio vesti o meu filho, fiz ondas na cabeça de uma das minhas meninas das flores. Vesti-me, e a minha madrinha de casamento chegou mesmo no momento de me apertar os mil e quinhentos botões das costas. Foram chegando mais pessoas - o meu pai e madrasta, cavalheiros de honra e damas de honor. Não fiz em casa aquela recepção tradicional nem recebi o fotógrafo, por opção. Em vez disso tinha comigo as pessoas essenciais para que o momento decorresse com calma. 

Tinha prometido ao Padre que não me atrasaria, e ele não acreditou em mim, por isso fiz questão de cumprir. A saída de casa foi, por isso, um pouco apressada e atribulada. Olhando para trás, hoje focaria mais em mim e menos em garantir que toda a gente estava bem. Mas lá fomos. A chegada à igreja foi um pouco stressante: não sabia se ia ter lugar de estacionamento, o Padre estava cá fora (tinha-me garantido que podíamos fazer a bênção do menino no altar e não à porta, para poder fazer a entrada tradicional de noiva, e nesse momento tive medo que se tivesse esquecido). Mas tudo se resolveu. Entrei, já um pouco nervosa. Ele estava de costas, porque o padrinho se esqueceu de lhe dizer que se virasse, mas rapidamente o fez. A entrada na igreja é qualquer coisa de mágico. Sentia o meu Pai a tremer enquanto caminhávamos. Vi os meus amigos, a minha família, quase todos os que são importantes para mim, e senti-me profundamente feliz. Quando cheguei até ele, cumprimentou-me com vários "uau!", e a dada altura tive mesmo que lhe sussurrar um "stop it!" que o homem não se calava!

 

A cerimónia foi magnífica. O Padre que escolhemos, amigo da família dele, deu um sermão leve e descontraído. Em muitas das fotos estamos a rir imenso, provavelmente em momentos como aquele em que ele disse ao meu marido que não sabia como é que ele tinha tido a sorte de ter sacado uma mulher assim, ou aquele outro momento em que o Padre mencionou "todos os homens que passaram pela vida da Mia", e por toda a igreja se ouviram risinhos - parvalhões. Nenhum de nós se enganou no nome do outro, ninguém interrompeu a missa para protestar contra o casório, e trocamos tranquilamente alianças.

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(sim, eu sei, as alianças 'normais' não são em ouro branco - mas: nosso casamento, nossas regras)

 

E o miúdo? Pequeno monstrinho foi exemplar do início ao fim. Aguentou a cerimónia tranquilamente, levou com água na cabecinha, e ainda adorou o momento em que o deixaram soprar a vela. Meu rico filho.

Saímos da igreja, levamos com 3kg de arroz e outro tanto de pétalas de oliveira, demos milhões de beijinhos. O fotógrafo foi-se embora logo após a saída da igreja, mesmo tendo eu pedido explicitamente para tirar uma foto com todos os convidados nos degraus - o meu avô só iria à igreja, e era a única foto que teria com ele. Felizmente, um dos convidados levava máquina e salvou o dia.

 

Fomos para a quinta no nosso carro, nada de coches, carruagens ou carros de corrida. Paramos ainda um pouco à entrada para o menino dormir, e seguimos com a festa. Já vos falei um pouco sobre o momento de corte do bolo de baptismo e largada de balões. De seguida, foi só festa. A comida tinha um ar divinal, e, diz quem comeu, que não era só o aspecto. Tinha jurado que ia provar tudo e não seria este cliché de noiva que mal come, mas guess what? É muita emoção, um dia cheio de actividades. Queria falar a todos, acompanhar o meu filho, participar em todos os momentos, mas sinto que o dia passou a voar e não fiz nada. Mas a festa foi bonita, oh se foi. Estava um belo dia de verão, que nos proporcionou uma festa ao por do sol. As pessoas estavam felizes, e nós também.

 

Entretanto, todos subiram para a sala de refeição, e nós fomos fazer a sessão fotográfica. Um aparte para vos contar que o fotógrafo foi a coisa que correu pior nesse dia. Um exibicionista prepotente que não cumpriu com nada do que pedimos. Pagamos a peso de ouro, prometeu entrega em dois meses e, quase um ano depois, ainda estamos à espera. Não foi minimamente cuidadoso com as fotos, falhou momentos chave, tratou mal alguns convidados. Não tenho uma única fotografia minha sozinha, temos pouquíssimas de casal sem ser no meio de actividades, e as que temos têm sempre qualquer coisa de estranho, como uma pose má, ou uma noiva com o ramo esquecido, ou caras esquisitas. Adiante. Fizemos a sessão, e tive que relembrar ao desgraçado que aquilo também era um baptizado, caso contrário não teríamos uma única foto com o menino. Ah, pormenor importante que me esqueci: dois dias antes o monstrinho ia a correr pelo corredor e escorregou, tendo batido com a bochecha na ombreira da porta... portanto tinha toda a bochecha negra, e passaram o dia a achar que alguém o tinha borrado com batom e a tentar limpar...

 

Mas bom, tiramos fotos, subimos para a sala, música, palmas, sorrisos e tal, muito giro. Deixem que vos diga que a organização da sala foi toda uma epopeia. Porque A não se dá com B, e B odeia C, e nós a gerir isso? Muito mais complexo do que parece. Optamos por cortar os nossos pais da nossa mesa (divórcios, padrastos, madrastas, sabem como é) e jantamos com os padrinhos de baptismo do miúdo. Pusemos cada pai/mãe numa mesa diferente e canto oposto. Afastamos os tios que não se dão. Dividimos os amigos em 3 mesas, os javardos, os que tinham miúdos e os que não conheciam mais ninguém. Primos e crianças foram para o lado mais próximo da porta, para poderem entrar e sair à vontade e estar resguardados do barulho da pista de dança. Avó calorenta debaixo do ar condicionado, avó que sofre com o a/c no canto oposto. Estão cansados de ler? Imaginem nós.

 

O jantar estava óptimo, ainda que não o tenha conseguido terminar. Os jogos foram uma animação, o brinde dos padrinhos foi emocionante. O momento do corte do bolo foi lindo, o fogo, a dança com os pais, foi tudo maravilhoso. O meu filho adormeceu a meio da noite, e ainda dormiu uma pequena sesta no cantinho. Tinha-o confiado à minha mãe e dama de honor, e, ao fim da noite, fui muda-lo e vestir-lhe o pijama para que o levassem para casa. Pouco tempo depois recebia uma mensagem a dizer "the eagle has landed", e começou a festa.

 

O barman, amoroso, não precisava que lhe dissesse nada. Bastava aproximar-me dele com o copo vazio, ou mencionar esse facto, que de imediato me aparecia um gin cor de rosa nas mãos. Passei a noite a beber gin e comer gomas - sou muito adulta - e dancei até não poder mais. Os nossos amigos mais antigos acompanharam-nos até às 7h da manhã, e quando saímos já estavam a começar a preparar a quinta para o casamento do dia seguinte. Dançamos, cantamos, foi uma noite tão memorável...não falemos da ressaca de dois dias que se seguiu.

 

Várias pessoas disseram que, para além de boa comida, havia uma energia fenomenal, que se sentia o amor no ar. E eu acho mesmo que sim. Que sortudos somos. Foi uma festa maravilhosa, e casava de novo amanhã.

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Quem me segue há algum tempo sabe que tenho um tanto ou quanto de control freak. É lidar. E alguma vez achavam que eu ia deixar o que quer que fosse, ao acaso? Jamais. Tinha-vos falado um pouco aqui sobre o capricho do pianista, mas depois ainda elevamos mais a coisa.

Para a igreja, contratamos um pianista, violinista e cantora lírica. A cantora vinha com o resto, eu não fazia questão, mas no final acabou por ser uma grande mais valia. E, caramba, a cerimónia foi tão bonita.

Ele entrou ao som desta música, eu e o monstrinho entramos com Jason Mraz, uma música que me acompanhou numa fase tão triste da minha vida, e de alguma forma fechou na perfeição esse ciclo. Para o baptismo, somewhere over the rainbow, que música melhor para batizar este meu bebé arco-íris? Para a saída da igreja, Guns'n'roses, porque não?  Foi bonito, não sei se mencionei :)

 

Para a quinta, o ambiente era mais descontraído. Tínhamos, incluído no pack, toda uma equipe de animação, no entanto, e para dar aquele toque extra, pedimos também um saxofonista. E que bem fizemos. Todas as músicas foram acompanhadas ao saxofone (tenho uma coisa com músicas, não sei se se nota), e gostei tanto do ambiente que se proporcionou! 

Entramos na quinta ao som desta, e cortamos o bolo de baptismo com o avião de papel. A entrada no salão para a refeição foi ao som de I believe in a thing called love - pareceu-nos apropriado.

Dançamos pela primeira vez como marido e mulher ao som de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, e, no final, o nosso staff de damas de honor e cavalheiros de honra juntou-se para uma coreografia desta música, ao estilo Ally McBeal - uma pequena palhaçada que nos deu imenso gozo - e assim abrimos a pista aos convidados.

 

Avançamos para o corte do bolo com Luísa e Salvador Sobral, numa música que não foi escrita para nós mas podia, e avançamos para o corte ao som de New Found Glory, uma versão mais punk do clássico kiss me, simbolizando este amor meio bipolar que temos, e que encaixou na perfeição com o rebentar da cascata de fogo, terminando com fogo de artifício.

O ramo foi, obviamente, atirado ao som de Single ladies. Lancei da forma tradicional, vira as costas e atira, nada daquelas modernices de fitas e sei lá o que mais. Para os homens solteiros, fez-se o jogo da bomba: um rolinho de charutos com um foguete no meio que passou de mão em mão ao som do mambo no 5 até 'estourar' na mão do próximo a casar - dizem! Para fechar a banda sonora, a dança com os pais ao som de Tony Bennett - the way you look tonight.

 

Tinha ainda planeado um 'baile dos pequeninos' para as crianças (baby shark, panda e companhia), mas esqueceram-se, e quando relembrei os miúdos já estavam KO. Para eles a animação passou por um insuflável gigante e uma menina vestida de boneca que foi fazendo brincadeiras.

 

Para os adultos programamos aluns jogos: em cada mesa existia um questionário sobre nós, e havia um concurso entre mesas para se descobrir quem conhecia melhor os noivos. A minha sogra conseguiu a proeza de errar TODAS as questões, e o combate entre a mesa dos nossos padrinhos/madrinhas e a das minhas amigas do trabalho valeu-nos grandes gargalhadas.

Fizemos ainda o jogo da cadeira, dinamizado pelo animador de serviço, que valeu grande correria e confusão, um sapato roubado ao meu filho, uma gravata de noivo perdida, e muita palhaçada. Para quem não sabe: há um nr de cadeiras, uma pessoa a representar cada mesa, e o animador vai pedindo objectos à sorte enquanto retira uma cadeira de cada vez, até só restar um participante sentado.

E por fim, o jogo do sapato com os noivos - cada noivo tem um sapato seu e do outro, e respondem a perguntas sobre eles levantando o sapato correspondente à resposta - no qual o meu caro marido mentiu descaradamente e quase me deu motivo para anulação do matrimónio!

 

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publicado às 06:12

E então casamos - a decoração

por Mia, em 21.08.20

Já vos disse que havia um board no pinterest. O que não vos contei foi que a nossa wedding planner pegou em tudo o que eu tinha sugerido, elevou ao infinito, e fez algo ainda melhor. 

Toda a decoração assentou no mesmo: simplicidade. Não queria brilhos, veludos, pedrarias ou castiçais gigantes.

Escolhemos casar na igreja onde os meus avós o fizeram há mais de 50 anos, igreja essa com uma decoração pesada e forte nos dourados, pelo que não havia grande margem para aventuras. Pedi velas brancas com fartura e flores em rosa claro e branco. Arranjos baixinhos, lanternas, e muitos verdes. Na véspera do casamento fomos com as decoradoras à igreja e foram lá deixados todos os materiais para decorarem na manhã seguinte. Quando lá chegaram, alguém se tinha esquecido de avisar que haveria um batizado a terminar mesmo na hora em que o meu casamento começava. É nestas alturas que agradecemos a existência de uma wedding planner, certo? Eu não soube disto até depois do casamento. Tudo foi tratado à velocidade da luz, arranjos a postos para entrar mal terminasse o baptizado, carrinho com águas à porta, cartões nos bancos, tudo como planeado. E quando cheguei, a igreja estava linda, e à minha espera.

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Ramos e flores decorativas: mais uma vez, tudo meio rústico, como eu pedi. Não queria nada muito 'forçado', arranjos simples e bonitos. A condizer com o meu ramo, uma flor para a lapela dele e outra para a do meu pai. O porta alianças levava flores iguais, e as meninas coroas também na mesma linha. Optei por ter apenas um ramo, não me fez sentido ter um para mim e outro para atirar.

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À chegada à quinta, optamos por fazer o corte do bolo de baptizado. Quando lá chegamos o menino dormia a sua sesta, e por isso ainda esperamos um pouco no carro. Depois saímos, brindamos com os convidados e procedemos ao corte do bolo do monstrinho. À nossa espera, um cantinho decorado para o efeito, e um pequeno bolo, cópia exacta do que eu tinha encontrado no pinterest e pedido.

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Seguiu-se uma pequena largada de balões. Rejeitei essa ideia para o corte do bolo de noiva por causa do impacto ambiental, não só do plástico mas também das luzinhas e pilhas. Mas depois para o momento de celebração do baptizado, deram-me a volta. Ainda assim, reduzi o número de balões para menos de metade. Cada um deles levava escrito um desejo - amor, saúde, alegria, felicidade, etc.

Toda a quinta estava decorada no mesmo estilo rustico-chique, e sempre na mesma linha. Os marcadores de mesa eram também aros de bordar - como o porta-alianças - com os nomes pendurados num pequeno laço cor de rosa. Na sala onde decorreu a refeição, escolhemos mais uma vez arranjos baixos para que as pessoas se pudessem ver, e claro, luzinhas por todo o lado. 

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Tirando o facto de as toalhas não serem as que eu escolhi - tinha optado por umas menos 'presunçosas', tudo o resto estava, para mim, perfeito. 

Por último, o corte do bolo. Foi debaixo de uma pérgula decorada com panos brancos e flores, atrás da qual surgiu depois uma cortina de fogo. O caminho até lá, ladeado por convidados com sparkles formava um corredor de luz. Sou a pessoa mais suspeita para falar disto, claro, mas estava tudo tão giro!

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E então casamos - a noiva

por Mia, em 19.08.20

Já vos tinha falado aqui do vestido, de como escolhi um modelo totalmente diferente do que imaginei. Toda a vida jurei que não casaria num cai-cai, e escolho o quê? Ah pois. Mas não estava convencida, por isso mandei colocar-lhe umas pequenas alças de tule, presas por dentro com molinhas transparentes. Casei com elas colocadas, e à saída da igreja retirei - até porque estava tanto calor! Como extra, pedi também um pequeno cinto que achei que dava um toque giro ao vestido. E ainda que não me ficasse perfeito como à jovem da foto abaixo, continuo a acha-lo lindo. 

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O véu, trocado à ultima hora, era simples, branco e de tamanho imenso (rasguei-o algures durante o dia). Tinha um pequeno aplique de pérolas, que encaixava com o gancho do cabelo.

Como o vestido era muito trabalhado, optei por umas sandálias simples e de salto médio. Apaixonei-me por estas, da Zilian, e achei que iríamos ser felizes juntas.

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Qual não é o meu espanto, quando, ainda antes do casamento e durante os ensaios para a dança dos noivos, as solas descolaram! Tentei entrar em contacto com a marca e resolver o problema, mas ainda hoje espero uma resposta. Mas tudo bem, para além de adicionar  Zilian à lista de lojas onde jamais voltarei a comprar, colei as solas (abençoada pistola de cola quente) e preparei backups. E ainda bem que o fiz. Na mala levava uns stilettos brancos (altíssimos, que nunca de lá sairam), umas sabrinas, e, para o desespero, umas sandalecas da Primark, deste género, que pareciam pantufas:

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Alguém adivinha o que tinha nos pés ao final da noite?? 

O cabelo, mais uma vez bastante simples, foi ondulado e levava uma pequena trança, presa por um gancho. E teria ficado bem, se se tivesse aguentado. Infelizmente o seu próprio peso e uma intervenção desnecessária de uma das convidadas, assinaram-lhe a sentença de morte, paz à sua alma.

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A maquilhagem foi, de tudo o que usei, o que mais gostei. Não sou uma pessoa feia, mas a miúda que me maquilhou fez um verdadeiro milagre. Desde as pestanas falsas com ar naturalíssimo ao toque arrojado do eyeliner e batom castnho (bani o rosa claro, que não gosto de ver na minha pele), gostei de tudo o que ela fez e senti-me uma princesa.

Os acessórios foram toda uma saga. Corri todas as lojas e mais algumas. Queria algo muito simples porque o vestido tinha todas aquelas rendas. Apenas um pendente básico e uns brincos lágrima. Parece simples? Não é. O meu caríssimo noivo tinha-me proibido de comprar bijuteria, Deus nos livre de usar algo rasca no dia do casamento... mas não resisti em espreitar a Bijou Brigitte, e lá encontrei-os. Brincos e colar em prata, tal e qual eu queria:

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O gancho de cabelo, já não tenho a certeza mas penso que foi na Claire's. Perdoem a falta de glamour, mas nestas coisas vou mais pelo que acho bonito do que pela marca.

 

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E então casamos - as crianças

por Mia, em 19.08.20

E porque a festa não foi só nossa, alguns pormenores muito importantes :)

Pequeno monstrinho e meninas das flores vestiram estes conjuntos da amor com laço, com quem tratei de tudo à distância e correu às mil maravilhas, mesmo quando, a uma semana do casamento, me apercebi de que a roupa do pequeno tinha vindo no tamanho errado. Ainda assim, tudo se resolveu rapidamente e no dia não faltou nada.

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Os sapatos dele foram estes, e elas calçaram sabrinas brancas.

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Na cabeça as meninas levavam coroas de flores iguais ao meu ramo. Pequeno monstrinho levava um aro de bordar decorado com flores (também iguais ao ramo), e um laço que prendia as nossas alianças. 

Para o batizado, a vela foi personalizada pelos padrinhos, e utilizamos a concha e toalha que tinham sido do meu marido.

 

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É claro, lógico e óbvio que eu tinha que dar o meu toque pessoal ao casamento. Não poderia ser de outra forma. Ainda que o trabalho 'pesado' tenha sido delegado, fui tratando de alguns pormenores.

O tema: queria algo rústico, mas não campónio. A minha wedding planner chamou-lhe rustico-chique, e foi qualquer coisa assim no meio. Simples, mas delicado. 

As cores de inspiração eram o verde e o rosa. Papel kraft e oliveiras - como os convites - e como tema o amor. E estava o cenário montado.

Em casa preparei então a minha parte: os esboços dos menus, rótulos para as garrafas. Sacos de papel kraft com arroz e folhas de oliveira da casa dos meus avós para a saída da igreja. Chinelos com uma pequena etiqueta para a pista de dança, bem como um mini letreiro para colocar junto deles. Kits ressaca. Kits para o wc com todos os essenciais, e que fizeram grande sucesso. Saquinhos com lenços que foram colocados na igreja, com a etiqueta "para lágrimas de felicidade". Tubinhos para bolas de sabão, também para a saída da igreja. Papéis para marcar os lugares da frente na igreja - cuidadosamente atribuídos às pessoas mais próximas e com mais idade - e outros para distribuir pelas damas de honor e cavalheiros de honra, encarregues de os encaminhar. Canetas iguais para as mesas, para um jogo que tínhamos planeado. Uma tela onde pedimos aos convidados que colocassem a sua impressão digital para formarmos uma árvore, uma espécie de livro de honra. Kits de livros de colorir e lápis para os miúdos, e sementes para os graúdos. Um balão com a palavra 'love' que comprei quando decidimos casar e que fiz questão que fizesse parte da nossa decoração. Uma placa de vidro com o nosso #hashtag (deslarguem-me) para colocar junto da zona de fotos. Um álbum onde pedimos aos convidados que colassem polaroids e uma dedicatória. Nada foi deixado ao acaso, e deu-me um gozo enorme planear este dia.

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Na véspera, fiz uma mala para a quinta com as coisas do monstrinho (fraldas, roupa supelente, pijama, babetes) e kit sos para mim. Fiz ainda a mala para a noite de núpcias - que nesse momento ainda não sabia onde seria. Decorei o nosso carro com um banner que dizia 'just married', placas 'mr' e 'mrs', e o tule a praxe. E atribuí tarefas:

- uma dama de honor e o padrinho encarregues de me deixar o homem inteiro no altar;

- uma dama de honor e um cavalheiro de honra encarregues de orientar as pessoas para os sítios certos;

- duas damas de honor responsáveis por coordenar as minhas meninas das flores;

- padrinhos do meu filho prontos para entrar com ele na igreja;

- a minha madrinha a prestar apoio moral e a orientar a minha entrada;

- uma dama de honor e uma mãe responsáveis por garantir o bem estar do meu filho até ao dia seguinte.

 

Tudo pronto, tudo a postos. Fomos jantar uma francesinha com os nossos amigos que estavam a passar esses dias cá em casa. No final, eles foram dormir e nós ficamos sozinhos. Dançamos, bebemos um copo e brindamos a nós. E  preparamo-nos para o grande dia.

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publicado às 18:00

E então casamos - a preparação

por Mia, em 18.08.20

Passou quase um ano, mas o que é que isso interessa? Este blog é há 6 anos uma espécie de diário, contém tantos capítulos da minha vida, que não poderia deixar passar em branco esta celebração tão importante. Mesmo que 12 meses depois. Segurem-se, que isto vai ser longo.

 

De forma geral, fomos noivos muito relaxados e descomplicados. Sabíamos o que queríamos, contratamos uma wedding planner, e, a partir daí, a coisa fluiu com naturalidade. Deixem-me, antes de mais, desconstruir dois mitos: wedding planner não é só para ricos - conseguimos preços muito acessíveis - e vale MUITO a pena. A cargo dela ficou a quinta, alimentação, animação da festa, animação infantil, decoração, fogo, flores, igreja, estacionário. Do nosso lado ficou a música da igreja, a parte burocrática da coisa, roupas, lua de mel, convites e pouco mais.

Depois de alinharmos o serviço, em Novembro, não voltamos a falar até ao final de Janeiro do ano seguinte. Criamos um board no pinterest, e lá íamos partilhando ideias e inspirações. Chegados ao fim de Janeiro, fomos convidados a participar no showroom e degustação promovido pela nossa planner. Não tínhamos contrato assinado, nem nada que nos vinculasse a ela, no entanto abriu-nos as portas da sua exposição e convidou-nos para uma espécie de casamento - a nós e mais 8 convidados à nossa escolha.

No showroom estavam disponíveis várias mesas, cada uma com seu estilo. Pedi autorização, e fotografei pormenores que gostava: a toalha desta mesa, os talheres daquela, arranjos de flores assim. Seguimos depois para a degustação. Connosco levávamos os padrinhos de casamento e do monstrinho. Aproveitamos a ocasião para começar a entregar os convites para damas de honor e cavaleiros de honra. Se acham que é cheesy, esperem até ver os pedidos:

 

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Para elas, balões cheios de confetis e um pequeno papelinho questionando se queria ser minha dama de honor.

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Para eles, um laço que obriguei a usar no dia.

 

Dizia eu, começamos a entregar nesse dia, e continuamos nos que se seguiram. Beijos, abraços (naquela altura em que nos podíamos abraçar... lembram-se?), sorrisos, foi giro.

Avançamos para a degustação, e devo dizer-vos que comi mais neste dia do que no meu casamento - que cliché. Chegamos à quinta onde iríamos casar, e estava montado todo um casamento. A ideia era dar a conhecer aos noivos desse ano os serviços disponíveis. Fotógrafos, agências de viagens, animadores, músicos, insufláveis, you name it. E depois, uma pequena amostra dos pratos disponíveis: entradas cá fora, entradas na mesa, três pratos de carne, três pratos de peixe, sobremesas, bolo de noiva, vinhos. Fomos lá almoçar, e nesse dia não consegui jantar. Seguiu-se a demonstração do fogo e um desfile de noivas. Estava tudo maravilhoso, foi um dia bem passado, e conseguimos ficar com uma ideia das escolhas que poderíamos fazer.

Dias depois reunimos com ela para assinar o contrato e fazer escolhas. E, meus amigos, nessa altura já sabíamos tudo o que queríamos: quais eram os pratos, a animação, as diversões para as crianças, o fogo... tudo! Deixamos tudo definido, formalizamos, e fomos à nossa vida. E não falamos mais até Junho ou Julho.

A cerca de dois meses do casório, combinamos encontrar-nos para acertar detalhes. Falamos sobre decoração, vimos as ideias que nos foram propostas, confirmamos ementas. Tratamos do estacionário (eu tinha feito um esboço em casa do que queria), falamos sobre flores. Reunimos ainda penso que mais uma vez para fechar pontos pendentes. Depois disso, passei na quinta na quarta-feira antes do casamento (que seria no sábado) para deixar alguns elementos decorativos. Falaram-me de copos, que eu tinha escolhido em rosa e achavam que ficariam melhor transparentes. Concordei, e segui a minha vida. Voltamos a ver-nos na sexta-feira ao final do dia, fui à igreja treinar a entrada com as minhas damas de honor e padrinhos do meu filho, e elas foram levar a decoração. E depois no sábado, quando me levaram o ramo a casa. E foi isto. Toda a organização de um casamento, resumida em meia dúzia de parágrafos. Parece fácil? É porque foi.

 

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publicado às 16:38

Cenas de um casamento #7

por Mia, em 12.04.19

Foda-se o caralho do padre, que se Deus existe há de arder no puto do inferno. Pronto, já disse.

 

Pois que para casar precisamos da autorização da paróquia onde residimos, apesar de não irmos casar lá, nem ser esse o pároco que vai celebrar o casamento. Pois que sua excelência o sr. padre lá da terra é pessoa muito ocupada, e tudo para ele é um "processo muito moroso", diz-nos, enquanto vai mencionando não tão ao de leve que temos que pagar mais isto e mais aquilo, naquela de: não só obrigados, mas é costume. E entretanto o processo arrasta-se desde Dezembro e ainda nem chegamos à parte de levar os papéis à arquidiocese, pois tá certo.

 

Na penúltima interacção lá foi o homem, munido de toda a paciência e boa vontade. E o sr padre tão ocupado, ui, que transtorno, que agora era preciso a noiva - aka eu - lá ir, e que tinha que preencher a autorização, mas tinha que ser com calma, e depois claro, teremos que pagar, que não é obrigatório mas "é costumeiro", sim sim, pois pois, ora voltem daqui a 15 dias.

 

15 dias depois foi ontem. Recebeu-nos de trombas, que não era um dia nada bom porque estamos na altura da páscoa e tem tanto para fazer - na volta vai ressuscitar Jesus Cristo, sei lá eu - "e ainda por cima trouxeram o miúdo e isto assim não dá jeito nenhum", ao que a pessoa responde semi-educadamente: "ora não queria que eu cá viesse? Ele ainda não fica sozinho em casa". E lá continuamos, a excelência a preencher na hora a declaração que queria preencher com calma em 15 dias, enquanto reclamava acerca de um bebé que chorava lá fora, que "as pessoas são horríveis, vêm para aqui com as crianças", e continua a preencher a declaração e o questionário com os nubentes, sem perguntar fosse o que fosse, que se foda se as declarações são verdadeiras ou falsas, vamos é despachar esta merda, pois ora bem, assinem aqui, então casamento e baptizado e direitos paroquiais, vocês vão pagar na arquidiocese mas coiso e tal a paróquia e a comunidade, noves fora passem pra cá 100€ fáxabor. E a pessoa está cansada pq foda-se, são cinco meses nesta merda, e diz que sim senhor, assalte-me lá à vontade sr padre, a ganância não é pecado nem nada, sa foda aquela cena de viver de forma modesta e assim, onde é que eu ia mesmo? Ah sim, ok, temos então que ir ao multibanco, digo, ao que levo com um "ai não vieram prevenidos? Então vão, eu fico aqui com isto até me trazerem o dinheiro, que já sei como é, ha muitos casais que dizem que vão e nunca mais cá voltam a trazer o dinheiro". E a pessoa vai, e entrega lá o caralho do dinheiro, porque afinal de contas estamos reféns deste tirano padre que tem o poder de decidir se podemos ou não casar, e pronto, assim se perdem três membros da comunidade que juro pelas alminhas nunca mais lá hei de por os cascos enquanto me lembrar deste filho da puta - e eu tenho memória de elefante.

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Cenas de um casamento #6

por Mia, em 27.03.19

E nem me façam falar da igreja. Todo o processo é tão moroso que se não fosse pelo baptizado do puto se calhar já tínhamos cancelado a cerimónia religiosa. É preciso ir à igreja onde vamos casar buscar a papelada. E depois à igreja da nossa freguesia. E depois ir a cada uma das igrejas onde fomos baptizados e fizemos a primeira comunhão. E depois voltar à da nossa freguesia. E depois à arquidiocese. E depois à igreja onde vamos casar. E algures no meio, cortar os pulsos.

 

E o padre garganeiro da nossa freguesia? Adoro. Primeiro chega num carrão que mete o meu num chinelo. Qual vida modesta qual quê. Reclamou que as pessoas fogem à igreja (pergunto-me porquê). Perguntou-me se o meu filho era doente por estar de óculos de sol. Disse mal da nossa casa e do sítio onde a tínhamos construído. Torceu o nariz porque escolhemos casar noutra igreja - pedido do meu avô, que gostava que eu casasse no mesmo sítio onde eles casaram. Depois queixou-se que o processo era muito complexo. Que tínhamos que pagar para ele tratar dos papéis. E mais uma multa porque não vamos casar lá. E mais um dia de salário de cada um de nós por cada ano que vivemos na freguesia. Em 3 interacções que tivemos, pediu-nos dinheiro 3 vezes. Posso estar desactualizada, não leio a bíblia vai para uns vinte anos, mas tenho quase a certeza que a ganância era pecado.

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Cenas de um casamento #5

por Mia, em 25.03.19

E os convidados? Era uma coisa pequenita, só familia directa e os amigos mais chegados, 100 pessoas no máximo. E de repente temos uma lista de 120 pessoas, que inclui pessoas que odeio e exclui outras de quem gosto bastante porque excedem o budget. Mas se odeias porque convidas? Poupem-me. A sério. Como se fosse viável não convidar uma prima e convidar a irmã. Ou excluir os amigos de faculdade do noivo. Ou como se cortar da lista a minha tia não fosse dar um desgosto ao avô. Tão dificil gerir as necessidades dos outros. Mas o dia é vosso! Uma ova.

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Cenas de um casamento #4

por Mia, em 21.03.19

A saga da entrega dos convites. Ou o inferno, já que é praticamente a mesma coisa. Soubésseis vós quantas vezes já me arrependi de não ter feito um convite online... Falta pouco mais de 5 meses, e tenho 13 de 60 convites por entregar. Parece-me um bom balanço. Juro que até ao final do mês termino. Acho.

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Cenas de um casamento #3

por Mia, em 28.01.19

Só se casa uma vez na vida, certo?

 

Pelo menos assim com toda a festa, igreja, the whole shebang. E se é para fazer, que seja bem feito. E assim sendo, na minha igreja haverá um violinista e um pianista, a tocar músicas que fazem parte da nossa história.

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Cenas de um casamento #2

por Mia, em 25.01.19

O drama da quinta.

 

Para começar, os olhares horrorizados das pessoas quando mencionávamos que queríamos casar daí por um ano e não tínhamos nada. Há quintas já com todos os fins de semana fechados até 2021, que loucura é essa?!

 

Depois: vamos falar sobre a parolice que são os espaços que se arrendam para casamentos? Meu. Deus. Ele é veludos, cadeirões, vidros, pérolas, tule por todo o lado. Castiçais maiores do que eu, luzes néon, vimos de tudo, sabeis lá. Nós que só queríamos um espaço amplo, com chão em madeira, mesas simples, cadeiras de madeira, muitos verdes e meia dúzia de velas.

 

2.png

 

Parecia missão impossível. Vimos quintas atrás de quintas, cada uma pior que a anterior. As que eram acessíveis eram parolas, as que eram bonitas levavam-nos um rim e meio pulmão. A cada um! Visitamos o showroom de uma event designer e a marca falou-nos ao coração. Era tudo o que queríamos e mais. A pessoa responsável era amorosa, o conceito era maravilhoso, os parceiros pareciam perfeitos. Tudo ótimo até chegar o primeiro orçamento. Bolo de noiva? 500€. Aluguer de sofás para exterior? 800€. E a lista continuava por aí adiante, somando a módica quantia de 10.000€ só de "extras", sem contar com quinta, catering, e outros pormenores igualmente importantes. Um exagero, pusemos de parte. Em compensação aproveitamos o contacto de um designer parceiro, que nos fez os convites mais rustico-chiq-fofos de todo o sempre.

 

Já com pouca esperança numa opção pouco azeiteira, contactamos uma outra event planner que tínhamos conhecido na expo-noivos. Agendamos a visita a duas quintas com quem tinham parceria, mas a primeira roubou-nos logo o coração. Espaço rústico muito simples, decoração à nossa medida, espaço interior e exterior agradável e um pacote de preços que não só estava dentro do nosso orçamento como incluía mais do que esperávamos. Problema: a data que queríamos (primeiro fim de semana de outubro) já estava ocupada. Solução: o último fim de semana de Agosto estava livre. E foi assim que antecipamos o casamento um mês, e ficamos com a quinta resolvida.

 

 

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Cenas de um casamento #1

por Mia, em 23.01.19

Ainda não tínhamos data, quinta, padre, fotógrafo… já eu andava preocupada com o vestido. Prioridades.

 

Sabia muito bem o que queria. Era este:

 

sem nome.png

 

Foi amor à primeira vista. Olhei, e tinha que ser este. A quem possa interessar, é da Pronovias, modelo Matiz. Marquei então um sábado chuvoso no início de Novembro. Juntei a minha mãe, cunhada, duas amigas e lá fomos em busca do vestido ideal. Ia com as expectativas rasteirinhas e a agenda cheia, que se é para dedicar o dia a isso pois que seja em grande.

 

Começamos, claro, na Pronovias. Tinha ligado mais de uma semana antes e pedido explicitamente pelo vestido que queria. Pois que sim, que o teriam lá à minha espera. E é claro que não tinham. Para ser sincera, toda a experiência deixou muito a desejar: desde ficar imenso tempo à espera, ao facto de não terem o vestido que eu tinha ido de propósito experimentar (sabe que eles às vezes não estão cá, disse-me a menina - como assim?! saem para dar uma volta?) até terem-nos encafuado às cinco num provador minúsculo para o efeito. Na minha cabeça, a prova de vestidos implicaria um grande provador, flutes de champanhe, e as acompanhantes cá fora, ao estilo say yes to the dress. Não aconteceu.

 

A funcionária também não era propriamente um doce. Mas era um dia especial, e uma pessoa releva.

 

O primeiro vestido arrancou lágrimas a algumas das pessoas presentes. A sensação de me ver vestida de noiva foi estranha, mas surpreendentemente agradável. Experimentei mais dois ou três vestidos, nenhum me falou ao coração. A ajudar, o facto de os vestidos serem pequenos - algo transversal a todas as lojas onde fui, excepto a última. Que loucura é essa? Não sendo pessoa magra, habitualmente enfio o corpinho num 38 ou tamanho M. Pois em dezenas de vestidos, se meia dúzia apertavam já era muito. Ridículo, pessoas, ridículo.



Ao vir embora, saio do provador onde me tinham enfiado com as meninas, e dou de caras com uma jovem a experimentar um vestido cá fora em frente ao espelho, e comento: aquele também é bonito. Não era o tipo de vestido que compraria - ou assim pensava naquele momento - mas era bonito, e eu estava apenas a comentar. Ao que a menina da loja me diz de imediato: é, mas não é para toda a gente. Não é qualquer corpo que fica bem naquele vestido. Ok. Entendi a mensagem. E risquei da minha lista. Bitch.

 

Adiante. Passamos à segunda loja. Mais uma vez todas a monte numa salinha minúscula, uma funcionária com pressa para almoçar e vestidos enfiados uns atrás dos outros. Gostei de alguns, não adorei nenhum, pausamos para ir almoçar.

 

No fim de almoço seguimos viagem, desta feita na única loja que correspondeu às minhas expectativas. Um provador só para mim, elas todas cá fora à espera da saída triunfal, chocolates, e uma menina simpática que não só foi incansável e me trouxe tudo o que eu pedi como ainda sugeriu o que achava que me ficava bem. Mais uma vez gostei de alguns, o meu coração chegou até a palpitar por dois, mas não tinha a certeza de nenhum.

 

Viemos embora com um ligeiro sentimento de frustração. Tínhamos ainda mais uma loja para ver, mas já não tinha expectativas de encontrar 'O' vestido. A última loja era de bairro, já mais antiga e com cheiro meio estranho. O meu preconceito disse-me logo que não estava ali a fazer nada... e não podia estar mais enganada. Talvez fosse cansaço, talvez estivesse relacionado com o facto de os vestidos efectivamente me servirem e por isso assentarem melhor no corpo. Facto é que gostei de tudo o que experimentei. E depois experimentei aquele. Aquele que era tudo o que eu disse que não queria num vestido. Experimentei, gostei. Obtive consenso do meu comité. Dei voltas e voltas. Ensaiei a subida ao altar. Troquei para outro, e voltei ao mesmo. E comprei.

 

Não sei se haveria algo que fosse mais a minha cara, não sei se foi o que me ficou melhor, não sei se foi a melhor escolha. Algumas pessoas dirão que sim, outras que não. Sei que é lindo e que foi o vestido que me fez sentido. E pronto. Foi assim que, no dia 2 de Novembro, sem sequer ter data para o casório, passei a ter vestido de noiva.

 

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É só isto meus amigos, até ver só há vestido. 

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Comprei um vestido de noiva

por Mia, em 07.11.18

Comecei por estabelecer bem o que não queria. Depois o que precisava, o que me favorecia, o que não podia nunca usar com o meu tipo de corpo. Depois alinhavei uma lista com as características do que gostava. Depois ignorei isso tudo e após experimentar uns 523 vestidos escolhi o que gostei.

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Cá por casa tudo igual, tudo diferente. Deixei o meu emprego e comecei o novo, e a adaptação, ainda que tenha custado nos primeiros dias, tem sido uma agradável surpresa. Trabalhar na minha cidade é tudo o que eu esperava que fosse: saio com 30 minutos de antecedência de casa, vou deixar o monstrinho à creche, visto-lhe a bata, dou beijinhos, "a mamã adora-te e volta logo", e vou-me embora, a pé. Chego ao trabalho 5 a 10 minutos antes da hora. Ao fim do dia, o percurso inverso, desço a rua e em 6 minutos estou a abraçar o meu pequeno. E não há nada que pague isso. 

 

Para ele, a mudança foi um pouco mais difícil. Estive com redução de horário até sair da empresa antiga, e ainda que trabalhasse a uma hora de distância, no máximo às 17h ele estava a sair. Passar a sair uma hora mais tarde foi doloroso. No primeiro dia cheguei e já só estava ele e outra menina, e o meu coração de mãe partiu-se em mil pedacinhos. Questionei todas as decisões que tinha tomado, mas depressa concluí que se tivesse continuado onde estava, e terminada a amamentação, passaria a ir buscá-lo ainda mais tarde (nunca antes das 19h30), por isso vamos ter que nos adaptar. Todos. Tivemos choro de manhã, birras de cansaço ao final do dia, mas aos poucos a coisa vai estabilizando.

 

E falando em monstrinho, as coisas que esta criança aprende de dia para dia? Não vos vou contar grandes feitos, não direi que é um prodígio ou sequer avançado para a idade no que quer que seja. É um miúdo normal, cada vez menos bebé e mais menino, e eu saboreio cada pequena conquista. Começou a andar (e mais recentemente a correr) e agora o mundo é dele. É curioso, astuto, aprende rápido. É meigo e carinhoso, tira comida da boca dele para nos dar se pedirmos, faz miminho, sorri e dá abraços com fartura. Mas também tem mau feitio: aprendeu a birra e agora atira-se para trás quando é contrariado, chora, deita-se no chão. Não damos importância para que não veja isso como 'arma' para conseguir o que quer. Come bem, dorme bem (ultimamente nem tanto, ora são dentes, ora gastro, ora constipação, uma ramboia), não dá chatices. É um bom menino.

 

Começamos a preparação para o casamento e já estou exausta. Amanhã faço a primeira incursão no mundo dos vestidos de noiva, logo vos conto como correu, mas vou com expectativas baixinhas baixinhas. Já as quintas são toda uma outra epopeia. Só queríamos um espaço amplo, mesas de madeira corridas e cadeiras simples, já agora a preço de gente. Aparentemente é pedir demais, e ainda não vimos nada que fugisse ao clássico: mesas de vidro, poltronas, veludo, pérolas, cristais, véus a cair do tecto, dragões a cuspir fogo... esta última pode ser exagero mas vocês perceberam a ideia. Passamos dois dias a ver quintas e quase desisti de casar. Não há de ser nada.

 

Na correria da vida, o blog passou para 76352º plano. Adorava vir cá com mais frequência, faz-me falta escrever e ler-vos (ainda está por aí alguém?), mas o tempo voa, uma pessoa escreve posts mentalmente enquanto está no duche ou antes de adormecer, mas depois nunca os passa para o papel (salvo seja), outros blogs são lidos de fugida nas salas de espera de consultórios ou em tempos mortos - que são cada vez menos - passam-se dias, semanas, meses e pronto. A ver se consigo vir cá mais vezes. 

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Já toda a gente tinha perdido a esperança. Estamos noivos desde 2015, unidos de facto há uma porrada de anos. Eu refiro-me a ele como o meu marido e ele diz que tem uma esposa. Concebemos uma criança em pecado. Algum dia tinha que ser, não é verdade? Ontem estava aqui a pensar no assunto e lembrei-me de perguntar:

 

- Olha. 28 de Setembro de 2019. Casamos?

- Não me parece mal.

 

E pronto, decidimos. Só nos vai levar quatro anos desde o noivado ao casamento, parece razoável. Aproveitamos e baptizamos o miúdo ao mesmo tempo e fica já tudo tratadinho. Agora vou esquecer este assunto até ao fim do verão, e depois logo se vê.

 

 

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Desculpem lá qualquer coisinha...

por Mia, em 28.10.15

... mas haverá coisa mais parola do que abrir a pista de dança com a música do Dirty Dancing?

Ainda não sei que música quero, mas tenho a certeza absoluta que não será esta.

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Sim, leram bem

por Mia, em 16.09.15

Eu disse 2017. A correr bem, na loucura talvez 2018. Imaginem só a quantidade de posts sobre casamento com que vão levar...

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publicado às 16:45


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