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Acho giro

por Mia, em 01.09.20

O meu filho de 3 anos tem que entrar sozinho num colégio novo onde nunca antes pôs os pés. E eu tenho que o deixar, como se nada fosse, sem conhecer sequer a pessoa que vai ficar responsável por ele ou ter a hipótese de transmitir um recado.


O meu filho de 3 anos tem que fazer esse sacrifício, engolir o medo e ser valente, porque a pandemia assim o exige. Mas os 16 mil do avante não podem prescindir da sua festinha, Deus nos livre, cai o mundo. Ora então merdinha fresca para todos, sim?

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publicado às 19:43

O homem saiu para buscar comida, e eu ia tomar um duche quente, na esperança de aliviar o trapézio e relaxar um pouco. Dispo-me, entro no wc, e lá estava ela esparramada no meu chuveiro: uma centopeia do tamanho do meu indicador (talvez maior, se contarmos com a bigodaça). Comecei por dar três passos atrás, mas rapidamente concluí que se fugisse ela ia fazer o mesmo, e depois como é que eu ia conseguir dormir com aquele mutante à solta??

Fui buscar um sapato. E vestir-me, porque vai que ela saltava para mim? entro no WC novamente, munida de um pequeno stiletto, e rapidamente me apercebo de que a puta era maior do que a sola do meu sapato. Mais ainda, estava junto à parede. Com aquelas patas todas, facilmente trepava pela parede e se enfiava na minha toalha de banho. Pânico, drama, horror. Pensa rápido, Mia. O insecticida está na outra ponta da casa, não posso perder contacto visual por tanto tempo. Um passo atrás, e agarro uma sapatilha do homem. Um passo ao lado, e pego no frasco da laca. A minha mãe diz que a embalsamei, mas digo-vos que ainda deu luta. Borrifei-a várias vezes, ela tentou fugir mas espatifei-a com o sapato. Patas por todo o lado, algumas ainda a mexer depois de separadas do corpo, mas finalmente ganhei a luta. Deixei o cadáver para o homem buscar, vesti o pijama e esqueci o banho. Quem diz que a vida no campo é tranquila não faz a mais pálida ideia.

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Quando a quarentena começou, refugiei-me na comida e no conforto de estar em casa. Nunca estive sem trabalhar, tenho até maior carga do que anteriormente, mas havia sempre tempo para um docinho, um bolo, umas tapas, um chocolate. Apesar de não se reflectir no peso e até estar mais leve, rapidamente percebi que aquele nível de lontrice iria ter consequências pesadas.

De modo que deitei mãos à obra. Subscrevi o programa LesMills on demand e em março treinei 3 a 4 vezes por semana. Comecei a ver a balança subir, mas a fita-métrica a apertar, e, mais do que isso, os ataques de pânico a diminuir e um maior bem estar, de forma geral. Mas não chegava. Sou teimosa como uma mula, e assumi o auto-desafio de terminar a quarentena melhor do que comecei. O meu "quarentena body" havia de fugir à regra dos gordos da quarentena.

Em abril, estabeleci a meta dos 20 treinos, e cumpri 22. Estava lançada, as diferenças começavam a ser visíveis, os treinos começaram a ser mais demorados e a contemplar outras áreas. À medida que o corpo ia respondendo, comecei a achar que era importante tratar também a mente e incorporei uma vertente de pilates no final de cada treino. E foi assim que dei cabo de tudo.

Adoro pilates e exercícios de flexibilidade, mas odeio, com todas as minhas forças, sun salutations. E aparentemente o ódio é recíproco. Numa passagem a prancha, senti um pequeno esticão no trapézio. Ignorei porque não doeu assim tanto, continuei o treino. Ao tomar banho, baixou em mim aquela enxaqueca básica: pontos de luz, visão cortada, seguidos de dor de cabeça localizada, enjoos, enfim. Deitei-me pouco depois das 21h, e acordei na manhã seguinte ainda com dor de cabeça, e agora também no ombro. Esta última foi piorando. O trapézio inchou, a dor alastrou ao braço, pescoço, costas, cabeça. Mais um dia, e piorou novamente. Comecei a ver a vida a andar para trás. Não queria ir às urgências, porque pandemia, fiz teleconsulta. Anti-inflamatório de 8h/8h, e uma dor que não passava por mais de 6h seguidas. Rendi-me às evidências e rumei ao hospital - e isso dá "sumo" para um post inteiro. Mais uma catrefada de medicação, diagnóstico de trapézio distendido e de volta a casa. Estou finalmente melhor, mas com ordem de descanso e não fazer esforços. E o que me enerva mais é que não vou conseguir cumprir o auto-desafio de 25 treinos este mês (parei nos 2). Creio que, para além do trapézio, também tenho a cabeça estragada.

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publicado às 11:57

Há coisa de duas semanas tivemos a visita de uma cobra.

 

U

M

A

 

 

C

O

B

R

A

 

Na nossa lavandaria, a fazer companhia aos gatos, na maior descontração. Hiperventilaram só de ler? Imaginem eu. 

Será que estamos em boa fase para mudar de casa???

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Não? Fui só eu? Está bem então.

Pois que desde que começou a quarentena, tenho feito as compras online. Que é como quem diz, encomendo para 2 semanas, e depois mais duas, e assim vamos evitando por o nariz na rua. Sucede que o continente impediu os pagamentos à porta de casa. Tudo muito bem, nada contra, uma pessoa adapta-se e lá vai, toda contente, fazer as suas compras. Ignora o bug de integração entre a app lista de compras e a app do continente online que multiplica as quantidades (convenientemente), respira fundo e ultrapassa os produtos que desaparecem do carrinho quando avança para o checkout e segue para o pagamento. Cartão de crédito inserido, paga, e nada. Se calhar não funcionou. Paga novamente, e anda para trás no carrinho. Oh diabo, vamos tentar mbway. Outra vez a mesma brincadeira. Passemos então para desktop, não vá ser problema da app. Outra vez para trás. Ora deixa lá ver se isto não deu borrada na minha conta bancária. Pois, pois é. 4 encomendas debitadas, um prejuízo com quase 4 dígitos, e encomenda nem vê-la. Atender o telefone também não está a dar, e se a resposta aos e-mails for tão eficiente como costuma... estou bem quilhada. 

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Noção, precisa-se

por Mia, em 04.01.20

Na fila para as caixas self-service do Ikea, aguardava pacientemente a minha vez, com um artigo na mão. Quatro caixas activas, todas ocupadas, um casal à minha frente, mais duas pessoas atrás de mim a formar fila, no espaço denominado "Fila única". Uma caixa fica vaga e o casal avança. Dou um passo em frente, para ocupar o lugar na frente da fila. Nisto vem um homem com duas crianças, da zona das caixas com operador, passa à minha frente e coloca-se no centro de todas as caixas. Uma caixa vaga e o miúdo que está com ele dirige-se à caixa:

- Esta está livre! - e carrega no botão "iniciar compra".

 

Avanço em direcção a eles:

 

- Desculpe, o senhor passou-me à frente - pouso o meu artigo na caixa e começo a registar a minha compra.

- Não faz mal, eu tenho tempo - e permanecem ali, os três, pai e dois filhos, ao meu lado, enquanto faço a minha compra.

 

Ora vamos lá ver se consigo  não me enervar muito:

 

O que leva uma pessoa a ignorar por completo uma fila de três pessoas e a simplesmente passar à frente de todos?

"Não faz mal, eu tenho tempo"?!?!?!?!?! Oi? E que tal um: "desculpe lá qualquer coisinha"???

Funcionários do Ikea? Hello? Intervir nestas situações era fixe.

E a falta de noção que é ficarem ali ao meu lado, como se fossemos todos parte da mesma família?

Ninguém, nem uma única pessoa da fila, se queixou além de mim. WTF, pessoas?!

 

 

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Cenas de um casamento #7

por Mia, em 12.04.19

Foda-se o caralho do padre, que se Deus existe há de arder no puto do inferno. Pronto, já disse.

 

Pois que para casar precisamos da autorização da paróquia onde residimos, apesar de não irmos casar lá, nem ser esse o pároco que vai celebrar o casamento. Pois que sua excelência o sr. padre lá da terra é pessoa muito ocupada, e tudo para ele é um "processo muito moroso", diz-nos, enquanto vai mencionando não tão ao de leve que temos que pagar mais isto e mais aquilo, naquela de: não só obrigados, mas é costume. E entretanto o processo arrasta-se desde Dezembro e ainda nem chegamos à parte de levar os papéis à arquidiocese, pois tá certo.

 

Na penúltima interacção lá foi o homem, munido de toda a paciência e boa vontade. E o sr padre tão ocupado, ui, que transtorno, que agora era preciso a noiva - aka eu - lá ir, e que tinha que preencher a autorização, mas tinha que ser com calma, e depois claro, teremos que pagar, que não é obrigatório mas "é costumeiro", sim sim, pois pois, ora voltem daqui a 15 dias.

 

15 dias depois foi ontem. Recebeu-nos de trombas, que não era um dia nada bom porque estamos na altura da páscoa e tem tanto para fazer - na volta vai ressuscitar Jesus Cristo, sei lá eu - "e ainda por cima trouxeram o miúdo e isto assim não dá jeito nenhum", ao que a pessoa responde semi-educadamente: "ora não queria que eu cá viesse? Ele ainda não fica sozinho em casa". E lá continuamos, a excelência a preencher na hora a declaração que queria preencher com calma em 15 dias, enquanto reclamava acerca de um bebé que chorava lá fora, que "as pessoas são horríveis, vêm para aqui com as crianças", e continua a preencher a declaração e o questionário com os nubentes, sem perguntar fosse o que fosse, que se foda se as declarações são verdadeiras ou falsas, vamos é despachar esta merda, pois ora bem, assinem aqui, então casamento e baptizado e direitos paroquiais, vocês vão pagar na arquidiocese mas coiso e tal a paróquia e a comunidade, noves fora passem pra cá 100€ fáxabor. E a pessoa está cansada pq foda-se, são cinco meses nesta merda, e diz que sim senhor, assalte-me lá à vontade sr padre, a ganância não é pecado nem nada, sa foda aquela cena de viver de forma modesta e assim, onde é que eu ia mesmo? Ah sim, ok, temos então que ir ao multibanco, digo, ao que levo com um "ai não vieram prevenidos? Então vão, eu fico aqui com isto até me trazerem o dinheiro, que já sei como é, ha muitos casais que dizem que vão e nunca mais cá voltam a trazer o dinheiro". E a pessoa vai, e entrega lá o caralho do dinheiro, porque afinal de contas estamos reféns deste tirano padre que tem o poder de decidir se podemos ou não casar, e pronto, assim se perdem três membros da comunidade que juro pelas alminhas nunca mais lá hei de por os cascos enquanto me lembrar deste filho da puta - e eu tenho memória de elefante.

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Cenas de um casamento #6

por Mia, em 27.03.19

E nem me façam falar da igreja. Todo o processo é tão moroso que se não fosse pelo baptizado do puto se calhar já tínhamos cancelado a cerimónia religiosa. É preciso ir à igreja onde vamos casar buscar a papelada. E depois à igreja da nossa freguesia. E depois ir a cada uma das igrejas onde fomos baptizados e fizemos a primeira comunhão. E depois voltar à da nossa freguesia. E depois à arquidiocese. E depois à igreja onde vamos casar. E algures no meio, cortar os pulsos.

 

E o padre garganeiro da nossa freguesia? Adoro. Primeiro chega num carrão que mete o meu num chinelo. Qual vida modesta qual quê. Reclamou que as pessoas fogem à igreja (pergunto-me porquê). Perguntou-me se o meu filho era doente por estar de óculos de sol. Disse mal da nossa casa e do sítio onde a tínhamos construído. Torceu o nariz porque escolhemos casar noutra igreja - pedido do meu avô, que gostava que eu casasse no mesmo sítio onde eles casaram. Depois queixou-se que o processo era muito complexo. Que tínhamos que pagar para ele tratar dos papéis. E mais uma multa porque não vamos casar lá. E mais um dia de salário de cada um de nós por cada ano que vivemos na freguesia. Em 3 interacções que tivemos, pediu-nos dinheiro 3 vezes. Posso estar desactualizada, não leio a bíblia vai para uns vinte anos, mas tenho quase a certeza que a ganância era pecado.

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"Devia ser caso de polícia os miúdos que todos os dias são os últimos a sair do jardim de infância".

https://ionline.sapo.pt/637751

 

Se há coisa que me mexe com o sistema nervoso, são pessoas que sabem como viver a vida dos outros. Já a revirar os olhos, entro no artigo. Dou de caras logo com outra pérola: "Costumo dizer que devia ser proibido os jardins de infância estarem abertos depois das cinco."

 

Eu não sei onde é que este senhor trabalha, mas se houver lá um lugarzinho para mim, mando já o meu cv. Adoro este tipo de afirmações fundamentalistas. Adoro. Tanto como espetar garfos nos olhos. Ou comer baratas. Ou ser acordada com água fria pela cabeça abaixo. Ou… vocês percebem a ideia.

 

Vamos então analisar a situação. Uma pessoa - eu, e provavelmente vocês - tem que trabalhar 8h por dia, das 9h as 18h. Faço parte daquelas privilegiadas que consegue demorar 10 minutos do trabalho à creche, e por isso apanho o meu filho às 18h15, o mais tardar. E invariavelmente estão poucas crianças lá a essa hora. Já chegou a estar só ele e mais uma menina. Se gosto? Pois com certeza que não. Se podia evitar? Dificilmente.

 

Trabalhando 8h, a única alternativa seria fazer o horário das 8h às 17h, no entanto não só isso exigiria uma autorização da entidade patronal que provavelmente não conseguiria, como implicaria deixar o miúdo na creche às 7h45 da manhã, ou seja, dava-lhe mais uma hora comigo ao fim do dia, mas tirava-lhe uma hora de sono. Para não falar que, entrando a essa hora, passaria mais tempo sem comer de manhã, teria que se deitar mais cedo à noite (acabando por cortar na mesma a tal hora ao tempo em família), e provavelmente andaríamos todos mais cansados. Valeria a pena? A meu ver não. Vale a pena chamarem a polícia porque vou buscar o meu filho às 18h15? Eh pá ganhem juízo.

 

O colégio do meu filho fecha às 19h. Claro que é tarde. Claro que o ideal era os putos saírem às 16h. Ou 17h. Mas é caso de polícia? Não me lixem. Já agora, se as creches fechassem às 17h, como é que uma pessoa, mesmo que saísse às 17h, conseguia estar lá a tempo?

 

Mas Mia, achas bem que o teu filho passe tanto tempo na creche? Não. Obvio que não. Tanto não acho que mudei para um emprego com remuneração (bem) mais baixa para poder ter mais uma hora diária com ele. Mas tenho alternativa a trabalhar 8h por dia? Não tenho. Como não tem o comum mortal. Algumas pessoas podem partilhar as tarefas de ir levar e buscar os miúdos com outros membros da família (pai, avós, tios). Não é o meu caso. Chamem a CPCJ já!

 

É tão fácil olhar para os outros pais do alto da sua vida privilegiada e mandar postas de pescada enquanto se aponta o dedo, não é?

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Desnecessário. Absolutamente desnecessário.

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Ando zangada

por Mia, em 26.12.18

Tenho andado sem tempo para o blog, mas cá andava, depositando pensamentos mais ou menos profundos em post-its electrónicos que um dia passaria para aqui. Depois um belo dia fui ver e tinham-se sumido todos. Fiquei piursa, raisparta a tecnologia, não quis escrever mais, nunca mais, numa birra de criança a quem negaram o brinquedo que tanto queria.


Estou zangada porque o natal não é o que era, a família anda toda de candeias às avessas, a magia sumiu-se, e eu perco-me no meio das confusões, num emaranhado de dias estranhos e noites povoadas de sonhos sem sentido - ou com mais sentido do que gostaria de admitir, e não digam a ninguém mas se acabam as putas das festas nem acredito, só quero dias 'normais' de volta.


Ando triste e não sei porquê, numa espécie de TPM que dura há uns bons quinze dias e me faz esquecer que ainda ontem estava tão contente com a minha vida, o novo trabalho, o casamento que aí vem, o meu filho - hei de vos contar como anda este monstrinho que é adorável mas já começa a ter personalidade, e raios me partam se ele não tem o feitiozinho da mãe, ri-se o karma.


E falando em TPM, na última semana fiz dois testes de gravidez à conta de um atraso que não foi atraso nenhum mas sim uma ausência total, e um feeling de que algo de errado se passa comigo. Não consigo afastar esta ideia, é o cansaço, má disposição, as alterações hormonais, os ouvidos que tapam, a cabeça que doi, as tonturas - contei-vos do dia em que desmaiei? - as mãos que tremem, os dentes que doem, a garganta, as amígdalas, os olhos, e sei lá o que mais, e não, não estou grávida, e sim, tenho uma bateria de consultas agendadas e uma preocupação sem fim e aquele sentimento manhoso que me assombra e me fez ter dois ataques de ansiedade nos últimos dias, e pensar constantemente que é agora, que se calhar não vale a pena planear o amanhã porque ele pode não existir.


E o cansaço? O cansaço de noites mal dormidas, de uma criança que deixou de adormecer sozinha e comer em condições porque ora são dentes (cinco ao mesmo tempo, senhores, cinco!), ora é a puta da febre aftosa ou pés mãos boca, ou lá o que é que me deixou o miúdo num sofrimento sem fim - um grande obrigada aquela mãe que levou a criança contagiosa para o colégio porque era dia da fotografia, e Deus nos livre de faltar ao dia da fotografia, que se foda o resto do mundo.


Para não falar no casamento, oh esse dia tão bonito que devia ser sobre nós e celebrar o amor, mas vai-se a ver e é só mais uma merda de um malabarismo de egos, já não aguento a sogra a ligar dia sim dia sim porque TEMOS que dar o trabalho de fotógrafo ao cunhado mesmo não querendo, a tia que não quer sentar ao lado do tio, o pai que não se dá com a mãe, as opiniões que não pedimos de todos sobre tudo, e eu que tenho vontade é de mandar tudo pro caralho, agarrar no homem e no puto e ir casar à Cochinchina e ninguém mete o nariz e pronto, fim de conversa.


Estou cansada, triste, preocupada, zangada com o mundo. E ainda por cima é 26 de Dezembro e estou a trabalhar.

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É a única explicação que encontro para o facto de, pela segunda vez, me enviarem uma factura com acertos que excedem as duas centenas de euros. Considerando que tenho uma casa com eficiência energética A+, electrodomésticos A+ ou A++, e praticamente só estamos em casa à noite, assumo que pensam que não tenho mais onde gastara o dinheiro e estão a brindar-me com sugestões. É isso, não é?

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Do Halloween

por Mia, em 02.11.18

Se eu acho bem que se importem tradições que não são nossas? Honestamente, não me interessa por aí além. Copiem, não copiem, é-me igual.


O que me fode a paciência é andarmos com campanhas a torto e a direito sobre bullying, que não se pode dizer nada às criancinhas porque senão são todos vítimas, etc etc, mas depois chegamos ao 31 de Outubro e é aceitável que putos façam asneiras e tratem mal os outros quando não se lhes dá doces. Clap clap clap.


Vou-vos explicar o meu Halloween. Estávamos os três em casa, eram quase 23h. O miúdo dormia. Miúdos vieram tocar à campainha. Não abrimos a porta porque não tínhamos absolutamente nada para lhes dar, não fazia sentido. Não estávamos preparados para aquilo, não temos esta tradição, se soubesse até teria comprado uns chocolates, mas o mais parecido com isso que havia em minha casa eram barras da prozis e tenho quase a certeza que não é aceitável dar isso a crianças - por muito que a Carolina Patrocínio apregoe o contrário. Pois bem, onde é que eu ia? Ah sim, 23h tocam à campainha. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Estive quase a ir lá fora convidá-los a vir adormecer novamente a criança. Adiante. Pareceu-me ouvir uns barulhos, espreitei, não se via nada, passou-se a noite.


Ontem o dia amanheceu com uma surpresa fantástica: os portões e vedações metálicas todos sujos de ovos e farinha. Oh, criancinhas tão inocentes, não é? Não, não é. Acontece que os portões tinham sido pintados esta semana. Gastamos centenas de euros nisso. E a mistura de tinta ainda meio fresca + portões que não são completamente lisos + ovos + farinha foi explosiva, e agora aquela merda não sai. Ontem o desgraçado do homem lá foi, à noite, à chuva, munido de esfregão e tira gorduras, tentar salvar o património, mas adivinhem? Apesar de ter ficado um pouco melhor, não resolveu, claro, e os portões e vedações metálicas estão irremediavelmente estragados.


Brincadeira de crianças? Não, meus amigos, isto é vandalismo. E aparentemente é aceitável ensinar às crianças que podem cometer actos de vandalismo quando não se lhes dá o que querem. E agora, quem se responsabiliza por isto?

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Nas minhas incursões pelo eBay e Ali Express, raramente compro trapinhos porque invariavelmente saem-me produtos de qualidade duvidosa, maus tecidos, tamanhos ridículos, etc. Uma ou outra vez experimentei comprar fatos de banho e o resultado foi quase sempre o mesmo: tecido fraco e sem forro, que dá para ver à transparência. Mas uma pessoa perdoa porque é boa gente, e também esperar o quê de um fato de banho de 5€?

 

Mas uma coisa é roupa dos chineses, outra muito diferente é roupa de lojas "a sério".

 

No inicio dos saldos, comprei um fato de banho na stradivarius. Triquini ou coisa que o valha, nada de mais, engraçadito, baratuxo e tal:

 

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Chegado a casa, experimento, e qual não é o meu espanto quando verifico que é completamente transparente. Mas completamente. Uma coisa é aquele flagelo de uma pessoa dar um mergulho no mar e o tecido molhado perder opacidade, quem nunca teve uma wardrobe malfunction desse tipo que atire a primeira pedra. Mas seco?! Foi devolvido de imediato.

 

Mulher persistente que sou, tentei a Zara do meu coração. Bem sei que branco é sempre um risco, mas perdi-me de amores e chamei este fofinho para vir morar cá para casa:

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Mais uma encomenda, mais uma facada no meu coração. O desgraçado era ainda mais transparente do que o anterior, deixando muito pouco à imaginação.

Agora pergunto, serei eu demasiado pudica? Muito exigente? O resto do mundo sente-se à vontade a levar à praia fatos de banho transparentes? Ou terá sido isto concebido por cegos? Moral da história: ressuscitei o fato de banho velhinho de há dois anos, e não se fala mais no assunto.

 

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É uma coisa nova em mim, e começou na semana passada. Foi uma semana louca de trabalho, misturado com uma formação super complexa que ando a fazer, um miúdo constipado, e - a cereja no topo do bolo - a festa de aniversário do monstinho, nada de especial, um modesto lanchinho cá em casa para avós, tios e primos e meia dúzia de amigos, 70 pessoas coisa pouca (nem me digam nada).

 

Juntem a isto as temperaturas infernais dos últimos dias, e é a receita para o desastre.

 

Começou na sexta-feira ao final do dia. A trabalhar de casa, andava a saltitar entre a cozinha e o escritório, num frenesim louco: corre processo - mete bolo no forno - valida dados - verifica se está pronto, aproveita e bate umas claras para a mousse - envia report do dia - desenforma o bolo e vai fazendo as gelatinas. Uma loucura. Ao final do dia, comecei a sentir-me estranha. De imediato o pensamento pior assolou-me: vou ter um ataque qualquer e morrer aqui, e não vejo sequer o 1º aniversário do meu filho. Palpitações. Suores frios. Tonturas. Acho que tive um ataque de pânico.

 

Pedi ajuda e estive largos minutos debaixo do ar condicionado a tentar respirar lentamente. Não conseguia esvaziar o cérebro. Não conseguia respirar. Cenários horríveis passavam-me pela cabeça. Forcei-me a deitar um pouco, passei pelas brasas. Tentei relativizar a questão da festa: se não der, não deu. Em ultimo caso compra-se um bolo qualquer. Põe-se a vela num queque. Qualquer merda.

 

Acordei um pouco melhor, para piorar de seguida. Algo não estava bem, não sei apontar uma dor física, mas de alguma forma estava claramente incapacitada. Arrastei-me pela casa, tentando fazer o máximo possível. Ao deitar o miúdo, choque de realidade: faz um ano que passei a ultima noite com ele na barriga. Tive imediatamente um pequeno ataque de choro, que de alguma forma me libertou. Acabei por conseguir terminar nessa noite os doces em falta e nem réstia do mal-estar que me tinha assolado momentos antes.

 

No dia seguinte, a brincadeira repete-se. Festa marcada para as 16h, eram 10h da manhã quando me comecei a sentir novamente estranha. Tinha a certeza que era sistema nervoso, que havia de ter a tensão nos píncaros, e não sosseguei até ir à farmácia medir. Tudo normal. Venderam-me um calmante natural e siga para casa. Mas eu não estava mais calma. Não era uma coisa racional, porque vejamos: se é um lanche com a nossa familia e amigos mais chegados, porque haveria de estar nervosa? Não sei. Não achei que estivesse. Mas o meu corpo aparentemente estava. Dormi meia hora. Acordei, mas ainda não estava bem.

 

Pedi ajuda. E que bom que é ter a quem pedir essa ajuda. Em pouco tempo a minha casa foi invadida e de repente já tinha uma pessoa em cada canto, fosse a preparar doces, a encher balões ou a orientar as coisas. Fui tomar um banho, tentei relaxar um pouco, e lentamente voltei ao normal. Muito lentamente mesmo, só perto das 21h consegui por qualquer coisa no estômago porque até lá as náuseas não me deixavam.

 

Achei que não ia voltar a ter este tipo de sentimento, mas domingo cá estava ele de volta. Não sei se relacionado com a casa estar em pantanas - lido muito mal com a desorganização - se foi do calor, se da semana que se avizinhava.

 

Ontem acordei bem, o dia estava mais fresco, estava tudo tranquilo, mas depois isto atirou-me novamente para aquele estado estranho que agora me acompanha todos os dias: peito pesado, náuseas, mal-estar que não consigo explicar bem. Não sei se isto é um ataque de ansiedade de verdade, se é outra coisa qualquer. Mas é algo que nunca tive e que apreciava não voltar a ter.

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Story of my life.

por Mia, em 11.06.18

Quem nunca foi às compras de óculos de massa, cabelo apanhado num coque, carregando orgulhosamente um pack de papel higiénico e depois deu de caras com o ex nas escadas rolantes, que atire a primeira pedra.

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E aquelas pessoas que vêem uma pessoa atarefada a fazer uma manobra apertadíssima para enfiar o carro no buraco de uma agulha e acham que esse é mesmo o momento perfeito para se atravessarem atrás?

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Estava a ser um belo dia até que

por Mia, em 05.06.18

- D. Mia, por acaso costuma abrir as janelas à noite?

- Nem costumo, mas ontem abri com os estores fechados para arejar a casa.

- Pois, é que acabei de matar uma lagartixa.

- Dentro de casa?

- Sim.

- Em que divisão?

- No seu quarto.

- No meu quarto... onde eu durmo?

- Sim.

 

Se não foi desta que desisti da casa, acho que é para a vida.

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Não se atropelem, cabemos todas

por Mia, em 10.04.18

Tem dias em que esta coisa da maternidade parece uma corrida. Muita pressa para tudo, uma competição desmedida para ver qual macaquinho bebé faz a maior habilidade e em primeiro lugar. Não contem comigo para essas merdas.

 

Quando falo com uma outra mãe e conto qualquer coisa que o meu filho fez, estou genuinamente a querer partilhar uma coisa que é importante para mim. Foco no para mim, porque tenho perfeita noção que o facto de o meu filho ter aprendido a virar a chupeta ao contrário não é tão interessante para o resto do mundo como se poderia pensar. Mas, dizia eu, partilho porque quero partilhar. E não raras vezes a dita mãe (nenhuma específica, pode ser qualquer uma) atira-me com  uma habilidade do seu rebento que, claro, tem que ser muito melhor do que o que eu acabei de contar.

 

Sosseguem a passaroca.

 

Somos todas diferentes, os nossos filhos são todos diferentes. Uns são melhores numas coisas e outros noutras, algumas mães agem de determinada forma, e outras de outra, e isso não é giro? Porque não podemos apoiar-nos, em vez de entrar nesta competição desmedida?

 

Tenho aqui ao lado uma mãe de um bebé um mês e meio mais velho do que o meu. Falamos bastante sobre as nossas crias, partilhamos experiências, fotos e vídeos das gracinhas que eles fazem. Provavelmente não podíamos ser mais diferentes, logo desde os primórdios da gravidez: ela foi seguida no público e eu fui parir ao privado. Ela teve uma gravidez de risco e eu tive uma gravidez normalíssima. O meu filho nasceu de cesariana "electiva" e ela teve um parto natural. O filho dela tomou suplemento desde cedo, o meu mamou em exclusivo até aos quatro meses. Por outro lado o meu deixou a mama aos cinco e ela continua na luta. O meu filho é um badocha, o dela é todo fit. A minha criança vai já para a creche, a dela não. O meu filho dorme a noite toda desde que tem um mês e meio, esta desgraçada já não se lembra o que é dormir mais do que duas ou três horas seguidas. O filho dela diz mamã, olá e bate palminhas, e o meu nem tenta falar, e palminhas é quando lhe apetece. O meu filho dorme no quarto dele há dois meses, e ela partilha a cama com o dela. Ela não dá o tablet ao bebé, o meu leva com bonecos volta e meia quando está mais chato. Somos diferentes. Somos ambas boas mães, não tenho a menor dúvida disso, e mais importante do que isso: não nos atropelamos. Pelo contrário. Já perdi a conta às vezes que lhe enviei mensagens que começavam com: já alguma vez te aconteceu <inserir aqui qualquer dúvida existencial sobre bebés>? E fico genuínamente contente quando ela me conta/mostra uma nova habilidade deste bebé que acompanho desde que era ainda um projecto. Não era giro se pudéssemos interagir assim umas com as outras, sem apontar de dedos, sem competição, sem ódio?

 

Já vieram aqui apontar-me posts de outras mães que fazem qualquer coisa que eu critiquei aqui, e também já vi o meu blog mencionado noutros naquela de: olha-me esta puta que faz o oposto do que tu fazes. Caguem nisso.

 

As nossas escolhas, condicionadas ou não, são as que consideramos melhores para os nossos filhos, e nenhuma de nós é melhor ou pior por isso. E isto é assim com todas as mães. Nenhuma mãe toma uma decisão sobre a educação do seu filho enquanto pensa: vou fazer desta forma porque é uma merda e vai ser mau para ele. Fazemos o que sabemos e podemos. E se calhar estava na altura de deixarmos o ódio e a inveja um bocadinho de lado, aceitarmos as nossas diferenças, e aproveitar. Ou não estamos todas no mesmo barco?

 

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Não se aguenta

por Mia, em 06.04.18

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Estou farta. Cansada. Exausta. Pelos cabelos com esta chuva non-stop sem fim à vista. Ah mas seca e o caralho. Ca-guei. Estou deprimida, tenho (literalmente) falta de vitamina D. Estamos em Abril, pelo amor da santa, há um ano atrás andava de t-shirt. Tenho mais três semanas de licença e não consigo aproveitá-las para levar o meu filho a apanhar ar, antes de o fechar numa creche de manhã até ao fim do dia. Já vomito chuva, trovoada, relâmpagos e céu cinzento. Tempestades com nomes, umas atrás das outras sem sequer dar tempo de uma pessoa descansar deste tempo de merda. Estou mesmo revoltada, não sei se se nota. Foda-se.

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