Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
(primeira parte aqui, segunda parte aqui)
Chegados ao recobro, volta a analgesista e diz-me: pronto, agora vamos então por o cateter da epidural. Toda eu era confusão, e por momentos duvidei da minha sanidade mental. Explicaram-me então que antes do parto não tinham conseguido dar a epidural porque tinha "entrado em vaso". Para não atrasar a cirurgia, foi-me dada uma raquianestesia. Adorava explicar-vos mais sobre este assunto mas poderia estar a dizer grandes asneiras. Correu tudo bem, apesar de nunca ter perdido a sensibilidade nas pernas não senti qualquer dor, e chegamos então ao ponto, após o parto, em que me foi colocado o cateter epidural - não sem antes me terem dado uma qualquer droga que me fez sentir bêbada, e furado mais duas vezes as costas. Nos dois dias que se seguiram, foi por aí que me injectaram a medicação abençoada que me fez sentir novamente uma pessoa.
Então e o bebé?
Estava com o pai, naquele que foi o seu primeiro colinho. Quando eu estava, finalmente, devidamente drogada e estabilizada, a parteira veio pô-lo à mama. Falarei mais sobre amamentação depois, mas para já, conto-vos que não foi mágico, não foi espectacular, nem sequer foi doloroso - isso viria a ser depois - foi só estranho. Mamou um pouco, e adormeceu, acho. Nesta altura em que escrevo as memórias já começam a ficar ligeiramente confusas. Ficamos ali, os três, inebriados pelo momento. Acho que foi a última vez que me senti incondicionalmente feliz, sem medos.
Penso que passaram horas, mas não sei quantas. Acho que estávamos no inicio da tarde quando me disseram que iria para o quarto, mas nem sei. A pediatra comentou comigo que tinha imensa gente à minha espera no quarto. Achei que ela estaria a exagerar e perguntei quanto era imensa gente, ao que ela me respondeu: umas sete pessoas. E estavam. Sete pessoas à minha espera, depois do parto.
Quando pesamos os prós e os contras de um parto no público vs. privado, esta questão das visitas foi imediatamente para a coluna dos contras. No privado não há limite de visitas, quase tudo é permitido, e isso nunca foi visto com bons olhos por nós. Nem sonhávamos o impacto que este factor teria no pós parto. É claro que apreciamos o carinho de todos. E no início nem nos apercebíamos do quão cansados estavamos, até começar a pesar.
Ao longo dos 4 dias em que estive internada, nunca estivemos sozinhos durante o dia. As visitas vinham e ficavam, nem que estivessem já 5 pessoas no quarto. À boa maneira portuguesa: cabe sempre mais um, e iam ficando, às vezes por horas. Entretanto todos queriam pegar no bebé, falava-se alto, deixava-se aberta a porta que fazia corrente de ar. Entre sacos e embrulhos, flores, balões, duas camas, um berço, um cadeirão, e todas as visitas, aquele quarto começou a sufocar-me. Na segunda noite, fritei.
Comecei a ter dores, e a medicação de 4 em 4 horas já não estava a ajudar o tempo todo. O enfermeiro de serviço demorou, porque havia uma outra mãe a precisar de assistência. Não tinha a certeza de que estivesse a fazer um bom trabalho com a amamentação: tinha os mamilos em sangue e o miúdo não urinava desde a noite anterior. Não tinha pregado olho o dia todo, e o cansaço começava a abater-se sobre mim. Entrei em desespero.
Quando o enfermeiro chegou, eu chorava que nem um bebé.
Sentou-se comigo e falamos. Pediu que lhe explicasse o que me atormentava. E uma por uma, fomos desmontando todas as minhas dúvidas e incertezas. A sensação de medo e desespero ainda está tão presente que me custa sequer pensar nessa noite. No dia seguinte, vi-me forçada a pedir ajuda para limitar as visitas. Tirei o som ao telemóvel, deixei de responder a mensagens, pedi que não viessem ao hospital. Ainda assim nem toda a gente respeitou, e continuamos a ter visitas non-stop até ao ultimo minuto que lá passamos. Literalmente - houve um grupo de familiares que insistiu para nos vir ver ao hospital na tarde em que iríamos para casa. Mesmo eu tendo pedido para não virem, fui ignorada e lá apareceram.
Quando, no primeiro dia, me disseram que teria que ficar quatro dias internada, não fiquei agradada com a ideia. Queria ir para casa e começar a nossa vida a três o mais rapidamente possível. Mas confesso que, à medida que o tempo foi passando, comecei a stressar com a ideia de deixar o hospital. É tão fácil estar internada: temos uma campainha na cama e enfermeiros especializados à distância de um toque. Qualquer dúvida é prontamente esclarecida, e a rede de segurança está sempre ali. Mas em casa não.
Gostava de dizer que sou uma pessoa corajosa e sem medo de nada, mas a verdade é que ao segundo dia, a ideia de deixar o hospital aterrorizava-me, e mentiria se dissesse que não me passou pela cabeça a hipótese de pedir mais uns dias de internamento. Mas fomos para casa. E não foi fácil. Tem melhorado, mas não foi o mar de rosas que eu esperava. Se calhar se tivesse tido a criança num hospital pior, com menos condições ou com um mau atendimento a coisa teria sido diferente. Mas não tive, não tenho razão de queixa do hospital, acho que correu tudo muito bem, mesmo as coisas que poderiam ter corrido mal. E a partir daqui é connosco, desejem-nos boa sorte!
Aos cinco dias após o parto pesei-me pela primeira vez: tinham-se sumido 10,5 dos 11kg que engordei com a gravidez.
Em Maio, pedi-vos conselhos sobre o que levar para a maternidade. Passado o parto, conto-vos o que levei, o que não foi preciso - a maioria das coisas - e o que me salvou a vida.
Na minha mala:
- 3 camisas de noite: só usei duas. A terceira era cinza claro e foi uma parvoíce tê-la comprado nesta cor porque acabei por não usar com medo de a manchar de sangue. Todas as camisas tinham botões à frente para facilitar a amamentação. Um pormenor totalmente casual mas que foi muito útil: todas tinham um bolsinho no peito que estava mesmo a mão para colocar o cateter da epidural. Comprei na primark, salvo erro a 6€ cada uma. Não são lindas e são gigantes, mas assim não me sinto mal por nunca mais as usar.
- 1 pijama de gravidez: pus na mala no ultimo dia e deu um jeitão. Muito mais confortável do que as camisas, e por ser de gravidez (com faixa na barriga e suporte interior para o peito), não apertava em lado nenhum. Também da primark.
- Roupão de verão: conforme foi, voltou. Nem o tirei da mala.
- Chinelos de quarto e chinelos de banho: para andar no quarto levei uns descartáveis, muito confortáveis e que depois foram directos para o lixo. Para o banho levei umas havaianas que não me serviram porque os pés incharam imenso. Acabei por tomar descalça.
- Cuecas: não levei descartáveis por serem tão grandes e desconfortáveis. Comprei dois packs de cuequinhas de algodão na primark e pronto. No final, as que ficaram manchadas foram para o lixo.
- Cuecas de incontinência: tinha lido em blogs de maternidade que seria muito útil, mas nem as usei. Talvez por ter sido uma cesariana, a hemorragia não foi muito intensa, e os pensos que o hospital deu foram suficientes.
- Pensos para o pós-parto: acabei por não usar também, porque o hospital fornecia. Usei em casa, e recomendo.
- Artigos de higiene: levei champô, condicionador, hidratante, leite de limpeza para a cara, creme de dia, discos de algodão, cotonetes, desodorizante, creme para estrias, sérum para estrias, escova e pasta de dentes, escova do cabelo, e sei lá o que mais. Usei apenas o básico, não havia tempo/vontade/moral para mais. O champô seco foi um verdadeiro life saver: no dia do parto não podia sequer levantar-me e o banho foi de esponja, no dia seguinte fui autorizada a tomar um banho rafeiro - não podia molhar as costas nem a zona do corte - só no terceiro dia consegui lavar o cabelo em condições.
- Artigos cosméticos: levei bb cream, corrector de olheiras, pó compacto, a prancha do cabelo, perfume, toalhitas, água termal, etc. Não usei nada.
- Batom de cieiro: outro salva-vidas no dia do parto. Nas primeiras horas não podia comer nem beber nada, e os lábios estavam tão secos que foi um alívio tê-lo à mão.
- Elásticos de cabelo, ganchos, fitas: não sei como teria sobrevivido sem eles.
- Revistas e um livro: LOL. Onde estava com a cabeça? Já passou um mês e ainda não os li.
- Máquina fotográfica, carregadores, power bank: o carregador de telemóvel é indispensável, claro. A power bank nem me lembrei que tinha. A máquina foi asneira, o telemóvel tem melhor resolução e é mais do que suficiente.
- Documentos mãe e bebé: tudo o que eram exames, análises, livro de grávida, devidamente organizado cronologicamente numa capinha de plástico. Entreguei à obstetra antes do parto, e devolveram-me à saída.
- Sutiãs de amamentação: comprei e levei vários, mas achei desconfortáveis. Só gostei deste. Tinha levado também uns normais mas de tamanho maior, e foram os que usei mais.
- Creme para mamilos e discos de amamentação: Não fiquei fã do creme, e acabei por trocar, dias mais tarde, pelo Purelan. Já os discos da Lansinoh são muito bons: feitos de um material semelhante às fraldas, não ficam húmidos e por isso não colam à pele. Falarei mais sobre isto depois.
- Chocolate: soube-me pela vida.
- Pijama, roupa interior e escova de dentes para o pai: apesar de ele ter passado todas as noites connosco, foi a casa todos os dias garantir que os animais estavam bem, e por isso aproveitou para tomar banho e trocar de roupa, por isso isto foi mais do que suficiente para ele.
Não levei: toalhas (o hospital oferecia), touca para cabelo (não gosto), roupa para a saída (decidi que seria a mesma roupa da entrada).
Fez-me falta: conchas de amamentação (comprei dias mais tarde), cinta pós parto (acabei por não comprar), mais espaço no telemóvel (não há milagres), snacks (as noites são infinitas e a fome ataca), uma luz de presença (dormir no escuro não era opção, e as luzes do hospital são muito fortes. Acabamos por seguir conselho de uma enfermeira e colocar uma toalha por cima da luz superior da cama).
Na mala do bebé:
- Fraldas: levei de várias marcas diferentes, e as que mais gostei foram as dodot sensitive. O indicador de humidade dá um jeitão quando o bebé faz xixis tão pequeninos que não temos a certeza se a fralda está ou não suja, e permite ver o seu estado sem ter que despir o bebé. Levei uma fralda por cada conjunto e mais umas 15 extra.
- 8 conjuntos de body interior com abertura à frente + calças interiores + babygrow, de diferentes tamanhos. Tinha dois mais pequenos, um muito grande, um grande e quatro de tamanho intermédio. O pai acabou por ter que ir a casa buscar mais porque os pequenos eram muito pequenos e os grandes eram enormes.
Organizei todos os conjuntos em sacos de congelação do ikea (são enormes). Cada saquinho tinha o conjunto completo e uma fralda, e escrevi por fora com uma caneta daquelas de escrever em CDs o seu conteúdo, para ser fácil de identificar. Fiz o mesmo com a minha roupa.
- Saco da primeira roupinha: um saquinho-envelope bordado que foi comigo para o bloco e levava: body interior, calcinhas interiores, primeira roupinha, gorro, luvas, casaquinho e botinhas de lã. Para o bloco foi também uma mantinha.
A primeira roupa que escolhi foi asneira. Era um conjunto calça-jardineira de algodão e camisola, muito fofo mas nada prático. Fica a nota para uma próxima: nenhum bebé precisa que lhe enfiem uma camisola pela cabeça ao nascer. Não usamos o casaquinho nem as luvas - nasceu em Agosto, pelo amor da santa!
- Saquinho com babetes: totalmente inútil, nem o abrimos.
- Duas chupetas diferentes: usamos uma logo na segunda noite.
- Saquinho com botinhas de lã, luvinhas, meias e gorros variados: não usamos nada.
- 3 casaquinhos de malha: também não foi necessário, continuava a ser Agosto...
- Duas mantinhas: uma foi connosco para o bloco e usamos nos primeiros dois dias, até ele lhe fazer um xixi monumental em cima. A outra usamos até vir para casa.
- 6 Fraldas de algodão: úteis para tudo e mais alguma coisa. Não foram suficientes e o pai teve que ir buscar mais a casa.
- Toalhitas: levei mas não usei, não é recomendado nas primeiras semanas.
- Estojo de higiene do bebé: usamos apenas a escova e as limas da unhas.
Não levei: toalhas (o hospital oferecia), roupa para a saída (os bebés querem-se confortáveis, por isso saiu de babygrow), produtos de higiene (não é recomendado nas primeiras semanas, e o hospital ofereceu um kit da mustela para o caso de ser preciso), saco de passeio/fraldas (viemos do hospital directos para casa).
Fez-me falta: compressas (as que o hospital deu não chegaram, e o pai teve que ir buscar mais a casa), fraldas (levei poucas), mais roupa, mais fraldas de pano.
No geral acho que levei demasiadas coisas e me esqueci de outras que poderia ter considerado. Para uma próxima, ficam as dicas ;)
(primeira parte aqui)
Tinham-me avisado que seria muito rápido. A parteira tinha combinado com o pai que quando estivesse mesmo quase avisaria para ele fotografar o relógio, e em menos de nada lá vinha o aviso: pai, é agora! Não consigo descrever a emoção de saber que o meu filho ia nascer naquele instante. De repente não havia medo de nada.
Mas a coisa não estava fácil.
Toda eu abanava com o esforço que estava a ser feito para puxarem o bebé - sempre sem qualquer tipo de dor - e não acontecia nada. Olhei para ele e estava pálido. Perdi a conta ao número de vezes que perguntei "estás bem?" e ele dizia que sim, mas eu via-lhe a preocupação nos olhos. Naqueles segundos que pareceram horas, continuava o esforço e o bebé não queria sair. Vi a obstetra fazer sinal a uma das pessoas da equipa, e de repente tinha uma pessoa em cima de mim, a fazer pressão abaixo do peito para empurrar o bebé. Soube mais tarde que foi também necessário recorrer a uma ventosa porque a coisa estava mesmo difícil, e que o pai se apercebeu de tudo, daí o pânico. Mas nem tive percepção do que aconteceu.
Tenho quase a certeza que o mundo parou por um segundo quando o ouvi chorar pela primeira vez.
Não chorei, talvez porque o choro fosse uma emoção tão banal quando comparada com a grandiosidade desse momento, mas o que senti foi tão indescritível que não hei de conseguir nunca explicar.
Do lado de lá da barricada, ouvia-se: "que grande!", e "oh que nenuco!". Mas quando chegou ao pé de mim, a única coisa que consegui dizer foi: é tão pequenino. Encostaram-no à minha cara por uns segundos, e voltaram a levá-lo. Era preciso limpar, pesar, medir, vestir. O pai estava completamente abananado, de sorriso no rosto, e foi preciso dizer-lhe "vai com ele!" para que reagisse. E foi. Lá foram os meus dois homens, enquanto eu era cosida.
A pediatra voltou num instante e informou-me que estava tudo bem com o bebé, um rapagão de mais de 4kg com uma cabecita tão grande que "nunca na vida sairia por baixo". Acho que só aí senti validada a minha opção de fazer uma cesariana. Foi a melhor opção. Tomamos a melhor decisão, por todos.
Estava tão em paz, tão feliz, que até dormi um bocadinho.
Naquilo que me pareceu um instante, ouvi dizer do outro lado: Mia, já está, já vai para o recobro. Trouxeram-me o meu filho - o meu filho, que coisa tão incrível - e lá fomos, os três.
Estava agendado, seria uma cesariana, e apesar de normalmente toda eu ser nervos, consegui manter-me relativamente calma até ao dia, tendo dormido bem na noite anterior e tudo. Estava cansada de estar grávida, ainda que não estivesse naquela ânsia de conhecer o pequeno. Tinha tempo.
No dia acordei e demorei o meu tempo a arranjar-me. Escolhi a roupa de saída do hospital, tirei as últimas fotografias à barriga, tiramos as últimas fotografias a dois, e acho que só aí os nervos começaram a atacar. Ele reclamou que eu estava a demorar muito tempo com as fotografias, e eu desabei a chorar, ainda em casa, sem que nada o fizesse prever. Só aí me apercebi que se calhar os nervos me iam atraiçoar.
Chegamos ao hospital um pouco depois da hora marcada. Zero contracções, zero dores, parecia uma visita social - só que não era. Fizemos a admissão e partimos para o bloco. Choraminguei quando a obstetra chegou e me abraçou, contente, e disse: é hoje! Choraminguei quando vestia a bata. Choraminguei enquanto dobrava a roupa e separava as primeiras roupinhas do bebé. Choraminguei quando me puseram o cateter no pulso... Enfim, acho que conseguem ter uma ideia do quão choramingas eu estava nesse dia. Ainda assim, não me sentia nervosa. Deitei-me, e partimos para o bloco.
Apesar de o pai poder assistir à cesariana no hospital que escolhemos, a epidural é apenas com a mãe, por isso levaram-no para se vestir para o parto e nesse momento fiquei sozinha pela primeira vez. A equipa médica era enorme e muito simpática, e estiveram sempre a conversar comigo e a tentar manter-me calma. A analgesista explicou-me, passo a passo, o que iria fazer, e foi-me guiando sobre que posição assumir para que a epidural fosse dada com sucesso. Senti dores, muitas dores, quando começou a apertar-me as costas e os flancos, mas mais dor ainda quando mencionou que eu estava "um bocadinho gordinha e era por isso que custava tanto a encontrar o sítio". Facada no meu coração. Senti dores variadas durante uns minutos. Percebi que algo não estava a correr bem, mas a coisa acabou por avançar. Avisei que me sentia normal do lado direito e apenas um ligeiro formigueiro do lado esquerdo. Fez-se qualquer coisa. Fui dizendo o que sentia, mais daqui, menos dali, agora comichão, agora as pernas pesadas, agora sei lá eu, e de repente estavam a deitar-me e a preparar todo o estaminé para a cirurgia. De repente, uma onda de calor, nervos, e aquela sensação que conheço tão bem:
Vou desmaiar.
Avisei, e em menos de nada, estava de cabeça baixa e a receber oxigénio. Confirmei que estava bem, e quando dei conta já sentia que estavam a começar, mas... e o pai???? Paniquei um bocado, queres ver que me tiram a criança e ele nem está aqui ainda? Mas esteve. Sentaram-no ao meu lado, vinha com ar apreensivo. Passei o tempo todo a perguntar-lhe se estava bem, ele dizia que sim mas não enganava ninguém.
A “rainbow baby” is a baby that is born following a miscarriage, stillbirth, neonatal death or infant loss.In the real world, a beautiful and bright rainbow follows a storm and gives hope of things getting better. The rainbow is more appreciated having just experienced the storm in comparison.
Bem vindo, meu "pequeno" arco-íris
- Então, está quase! estás nervosa?
- Não.
- Deves estar com tanta ansiedade, não?
- Nem por isso, para já estou calma.
- Imagino, deves estar mesmo ansiosa.
- .... (dizer o quê?!)
- Tens passado bem?
- Sim, só ando com algumas insónias.
- Pois, é dos nervos, de certeza.
Pronto, então está bem.
Há algo de tão frio e pouco natural nesta coisa de escolher o aniversário de um filho, que me deixa imensamente triste.
E não estou contente com isso.
Parece confuso?
É aquela palavrinha ali que me faz espécie, "electiva". Que diz que "escolhi" fazer uma cesariana, que me faz sentir mais fraca, menos capaz, de alguma forma menos digna.
Não sou de fanatismos: já aqui disse que queria um parto natural, pelas vantagens comprovadas, mas se tivesse que fazer uma cesariana aceitaria pacificamente. Mas não "tive que". Foi-me recomendado que o fizesse, devido ao peso da criança e à perspectiva de um parto complicado, mas em ultima instância a decisão foi minha, nossa, e decidimos os dois que não valia a pena correr o risco. Decidimos que o bebé, eu, e a nossa família somos a prioridade.
Então porque me sinto assim? Porque sinto que estou a falhar? Porque é que tenho vergonha da minha opção, como se escolher evitar um parto traumático fosse uma coisa terrível?
Sempre assumi que, quando engravidasse, teria a criança no hospital público. É aquela velha máxima, se foi suficiente para a minha mãe, para a minha sogra, para as minhas tias... também há de ser suficiente para mim, certo? A isto acresce que o hospital público da minha zona tem fama de ter uma excelente maternidade, e sempre assumi que iria por aí, nunca outra hipótese esteve em cima da mesa.
Mas entretanto... não chegava as coisas não terem corrido pelo melhor das vezes que lá fui. Sou uma curiosa e não descansei enquanto não esgravatei todas as histórias - boas e más - que podia sobre partos e atendimento naquele hospital. Depois claro, quanto mais sei, mais dúvidas tenho.
Decidi então fazer listas - prós e contras para cada hospital.
Comecemos pelo positivo de parir no público:
Por outro lado:
Já no privado, as vantagens são:
Mas por outro lado:
Posto isto não sei. Sendo totalmente honesta, estou inclinada para o privado, parece-me mais cómodo, mais simples, e acima de tudo mais seguro. O meu maior medo de seguir esta opção era a questão de transferência do pequeno para o público se alguma coisa correr mal, mas, ao expor esta situação à minha médica, ela sossegou-me dizendo: "é claro que aqui não arriscamos tanto que as coisas corram mal". Mas pode acontecer. Pode sempre acontecer.
Sou caguinchas, é verdade. Sou fisicamente fraca (sou menina para desmaiar de nervos) e emocionalmente já fui mais estável. Tenho muito medo, cada vez mais, sou assaltada por cenários escabrosos com frequência e preciso de calma, tranquilidade e de ter perto de mim alguém que me sossegue e compreenda. No fundo preciso de ser bem tratada, e acho que no público não vou ser.
E vocês? O que fariam (ou fizeram)?