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O meu filho de 3 anos tem que entrar sozinho num colégio novo onde nunca antes pôs os pés. E eu tenho que o deixar, como se nada fosse, sem conhecer sequer a pessoa que vai ficar responsável por ele ou ter a hipótese de transmitir um recado.
O meu filho de 3 anos tem que fazer esse sacrifício, engolir o medo e ser valente, porque a pandemia assim o exige. Mas os 16 mil do avante não podem prescindir da sua festinha, Deus nos livre, cai o mundo. Ora então merdinha fresca para todos, sim?
Por motivos de ter um pequeno demónio nos braços numa mistura de fome/birra, não consegui ir às urnas. Soa a desculpa de mau pagador mas é a mais pura verdade, podia estar aqui com floreados e esconder-me atrás da noite péssima e dos imensos problemas que temos tido mas o facto é apenas um: escolhi ficar em casa com o meu filho e dar-lhe colo, dar-lhe mama, acalmar-lhe a birra. A virose que anda por aí, e o facto de já termos passado pelo hospital esta semana, também contribuíram: não quis arriscar levá-lo a um sítio cheio de gente, mais ainda no estado em que estava. Obriguei o homem a ir, no entanto. E sinto-me mal por ter falhado uma votação, pela segunda vez na minha vida adulta (da outra não estava em Portugal). E vocês? Qual foi a vossa desculpa esfarrapada?
Acho que a verdadeira igualdade não está em sermos vistas como diferentes, frágeis, coitadinhas. Muito menos em exigir tratamento especial. Também acho que, em algumas coisas, mulheres e homens são diferentes, e pedir igualdade é tão surreal como eu querer um unicórnio de estimação. Não concordo com tudo o que foi defendido na manifestação feminista, nem com todos os argumentos usados, mas, de uma forma geral, foi bonito pá!