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Na semana passada fui passar uns dias à capital com uma amiga.
Uma de nós foi indecentemente gozada por andar com o frasquinho de gel anti bacteriano atrás e desinfectar as mãos depois de sair dos transportes e antes de comer. A outra apanhou uma virose e está doente há quase uma semana.
"Cozinhei" uma massa instantânea na cafeteira do meu quarto de hotel. Comi-a à colher, numa chávena de chá. Bem boa que estava.
Por exemplo, neste momento vê a neve a cair, e pergunta-se onde raio estava com a cabeça para ter trazido VESTIDOS para esta semana...
Hoje estive em três países diferentes...
Mas daqui a umas horas embarco num voo, e logo a seguir noutro, milhentas horas no ar e mais umas quantas de espera nos entretantos. E um deles é um airbus a320. Ficais a saber. Se algum maníaco se lembrar de afocinhar um dos bichos, lembrem-se de mim e acendam uma velinha ou assim, sim?
Comprei morangos maduros.
Parti-os e coloquei numa caixinha e enfiei na bolsa para levar para o escritório.
Durante o dia andei a mil, e nem me lembrei do raio dos morangos.
Estava calor, os sacanas derreteram.
Cheguei ao hotel e atirei a bolsa para cima da cama.
A cama tinha lençóis brancos - notem que uso o passado.
A bolsa abriu-se, a caixa abriu-se.
Parece que hove um massacre neste quarto.
Imaginem que têm que fazer uma viagem de avião de 10 horas. O vosso lugar fica numa fila de dois, e as opções para companhia são:
a) o senhor gordo, que ocupa o lugar dele e metade do vosso, e que assim que se senta desaperta as calças e tira os sapatos. E que cheira mal. E bebe vinho e arrota. E mencionei que está sempre encostado a vocês?
b) o rapazola engatatão que tenta meter conversa quando ainda nem sentou o rabo no lugar. Que durante todo o voo vai a ver filmes, ouvir musica ou jogar sem se dignar a colocar phones. Que coça os tomates, não para quieto na cadeira, e vos está constantemente a acordar com cotoveladas e encontrões. Que espreita para os vossos filmes/séries/livros/revistas.
c) a senhora com o bebé chorão que apenas conhece uma forma de o calar - sacar da mama e enfiar-lha na boca - o que faz com que acordem constantemente com uma mama encostada a vós. Ah, o bebé também sabe puxar cabelos.
Agora escolham.
Uma pessoa estava aqui a vegetar no lounge do aeroporto, numa escala interminável, quando entra um jovem bem parecido. Alto, boa postura, fato de bom corte, boa pinta mesmo. Pessoa, ainda meia sonolenta das 3h de sono da noite anterior, até desvia os olhos do ipad, dos blogs, e fica um pouco mais desperta. O jovem serve-se de um café e um pastel de nata, e nisto... Pânico, horror!!! Começa a sinfonia: chomp chomp chomp. Não quero acreditar, não pode ser, aquela pessoa não pode estar a fazer aquilo... Olho discretamente, e vejo horrorizada que não é só barulho! Também come de boca aberta... Não aguento, é de mais para mim, ligo a música e coloco os phones - maravilha durante uns 5 minutos...
O jovem terminou o pastel e está agora a fungar ranho... Há cerca de meia hora. Quão indelicado seria ir lá oferece um lencinho?
Longe de mim querer pressionar ou assim, mas não espero menos do que isto:
(E sim, o mocinho de baixo marchava. Sim. Gostos não se discutem pá, deslarguem-me!)
tenho medo de andar de avião.
Tenho saudades do meu homem, do meu gato, da minha cadela, da minha casa, do frio, de dormir acompanhada, de não jantar sozinha, de ir ao ginásio, da novela da noite, dos meus avós, de estar no mesmo fuso horário que as "minhas pessoas", dos meus amigos, de poder atender um telefonema qualquer sem pensar que estou a gastar uma pequena fortuna para falar com alguém que nem sei quem é (telemarketing, é sempre telemarketing), de conduzir, da minha independência, de estar sentada a torrar em frente ao aquecedor, de dormir aconchegadinha nos meus lençóis polares, do meu secador de cabelo e das outras 300 coisas de que me esqueci, de comer uma francesinha... sou uma mariquinhas pé de salsa, eu sei.
Não importa quantos países visite, quantas voltas dê ao mundo, quão mal digam do meu país. Posso ver as maiores maravilhas, adorar alguns momentos, mas no fim do dia bate sempre a saudade. Se me dissessem hoje que nunca mais punha um pé fora de Portugal não me importava. Não há melhor sítio no mundo.
... mas hoje começo a contagem decrescente para regressar, ainda que temporariamente, a casa. 5 dias. Cinco, só mais cinco, e começa a viagem de regresso*.
*sim, começa. Que isto não é coisa para se fazer num dia só...
Em Portugal, com temperaturas ali a rondar os 10º (por vezes menos), aproveitei para comprar vestidinhos de verão e sandálias. Deste lado do Atlântico, e com 30º no lombo, estou divertidíssima a encomendar casacões de inverno. Vá-se lá entender.
Está um calor que não se aguenta!
* Unica coisinha minimamente boa nesta terrinha do demo, deixem-me lá meter nojo com o meu calor enquanto tiritais de frio, sabeis lá vós o que eu vejo por estas bandas...
Dentro de dois dias tenho uma viagem de lazer. Quando regressar, embarco novamente e vou trabalhar a mais de 8000km de casa, até Fevereiro. E entretanto a minha família está a desmoronar-se, o caos instalou-se e não há nada que eu possa fazer para mudar isto.
Tenho um aperto no peito tão grande, que só me apetece sentar num cantinho a chorar. E tenho medo, tanto medo. E eu nem sou pessoa de medos.
Antes de mais permitam-me que vos diga que sou pessoa de pouco comprimento e alguma largura. Acontece que, no belo do hotel em que me hospedaram esta semana, o edredon tem ainda menos comprimento que eu. Trocando por miudos: tapa-me até ao umbigo e é uma sorte. Pergunto-me como é que pessoas a sério, com tamanho de gente, dormirão neste sítio. Não, a sério, isto apoquenta-me há duas noites (deve ser do frio, dá-me para a insónia).
Uma pessoa sai de Portugal com 5€ na carteira. Porquê? Eu sei lá, não me façam perguntas dificeis.
Uma pessoa chega às holandas, descarrega as malas no hotel e vai à loja de conveniencia buscar qualquer coisa para o jantar.
Pelo caminho quase é atropelada por duas bicicletas porque esquece-se que aqui eles andam na rua feitos tolos e não têm travões, mas adiante.
Uma pessoa para no multibanco antes e tenta levantar dinheiro: dá erro.
Uma pessoa não panica e enfia outro cartão, de outro banco: não é possível concluir a operação.
Uma pessoa olha para a caixa multibanco e repara que esta é azul, e que normalmente levanta dinheiro nas cor de laranja, portanto vai à procura de uma caixa laranja.
Uma pessoa encontra a caixa que está, obviamente, fora de serviço.
Uma pessoa pensa: sa foda, vou à loja e pago com cartão.
Uma pessoa dá meia volta para ir à loja, escorrega e cai, joelhos no chão. No meio da estação de comboios. Apinhada.
Uma pessoa levanta-se com tanta dignidade quanto possível e vai à sua vida: escolhe o jantar, dirige-se à caixa para pagar, apresenta o cartão visa e dizem-lhe: só aceitamos maestro.
Uma pessoa engole em seco ao ver que a conta são 6,75€ e tem apenas 5€ na carteira.
Uma pessoa olha à volta, certifica-se que não há conhecidos por perto, e pede ao funcionário para tirar algumas das coisas.
Uma pessoa vem-se embora com os joelhos esfolados e o orgulho ferido.
Uma pessoa põe um pé de fora da estação, e começa a chover.