Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
No tempo deles, era-se pai nos vintes. Depois de a criança estar cá fora, seguiam-se cegamente as instruções dos pais. Em alguns casos - na nossa família aconteceu com ambos - mudavam-se para casa dos pais, para que estes ajudassem com a criança. Eram os avós quem ditava as regras e os pais obedeciam. E hoje, quando os nossos pais se tornam avós, têm extrema dificuldade em entender que as coisas mudaram. Não somos jovens de vinte anos. Já estamos nos trinta, com tudo aquilo que isso acarreta. Temos vidas bem estruturadas, não estamos a ter filhos em cima do joelho. Lemos muito, temos acesso a muita informação e não só sabemos o que estamos a fazer (pelo menos em teoria), como temos noção de que o que se fazia há 30 anos atrás está ultrapassado e algumas coisas são hoje vistas como prejudiciais. Não precisamos de ir para casa dos nossos pais, nem que nos digam o que fazer, muito menos que queiram ditar leis na nossa vida. Não precisamos que nos passem atestados de incompetência ou que critiquem as nossas "modernices". Precisamos que sejam avós carinhosos e presentes, sem sufocar nem a criança nem os pais. Se fizerem isso, já está bom. Precisamos que oiçam e respeitem as nossas regras e conselhos. Estamos a dispostos a ouvir também os deles, claro que sim, que prepotência seria não o fazer. Mas eles estão dispostos a ouvir os nossos? É muito cansativo estar constantemente a lutar contra velhos do Restelo, sentir que não somos levados a sério. Há tempos disseram-me: "és mesmo uma mãe galinha". O tom era crítico, mas sinceramente não estou a ver onde é que isso está errado. Que seja uma mãe galinha, sou a mãe que quero ser.