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Numa festa de aniversário, enquanto se corta o bolo, alguém comenta que o monstrinho daqui a uns meses já comerá também bolo, ao que o pai responde: Não. Não tencionamos dar-lhe qualquer tipo de açúcar refinado antes dos dois anos.

 

Meus amigos. Isto que vos vou contar pode parecer um exagero, mas afianço-vos que é um retrato fiel do que se passou.

 

Houve gritos, houve amuos, houve cara feia. Toda uma mesa em alvoroço. A expressão "coitadinho do menino" saiu das mais diversas bocas. Argumentos como "tu lá podes controlar o que a criança come" ou até mesmo a ameaça "não come açúcar? Vais ver se não come açúcar." foram proferidos.

 

A ver se a gente se entende. Há algum motivo válido para uma criança comer açúcar? Juro que se me derem um, unzinho que seja, eu reconsidero. Até lá, não obrigada.

O açúcar - e quando falo em açúcar aqui refiro-me aos bolos, chocolates, rebuçados, sumos, e afins, e não ao açúcar que obtemos naturalmente através dos alimentos - não tem qualquer vantagem para as crianças. Não tem valor nutricional. Cria vício. Faz mal aos dentes. Fomenta a obesidade infantil. Torna as crianças mais hiperactivas. Cria maus hábitos.

 

Coitadinho do menino.

 

Coitadinho porquê, mesmo? Porque tem pais que se preocupam com ele? Uma criança que desconhece o que são doces, não vai sentir falta. Quanto mais tarde introduzirmos este veneno na alimentação dos nossos filhos, mais provável é que eles aprendam a gostar de coisas mais saudáveis.

Quando um adulto dá um doce a uma criança, não o faz pelo miúdo, fá-lo por egoísmo. Porque a criança vai gostar, e estará assim a "comprar" o seu afecto. Porque não ganhar esse afecto de outra forma, por exemplo, sei lá, brincando com ele?

 

Estes casais modernos têm todos as mesmas manias.

 

Hum, pergunto-me se haverá um motivo para isso. Será porque temos hoje mais informação do que havia há 30 anos atrás? Será porque estas manias têm algum fundamento?

 

Mas tu lá consegues controlar o que a criança come!

 

Como assim?! Por onde andará o meu filho de dois anos, que eu não terei controlo sobre o que ele come? Na creche não entra comida do exterior. Em casa eu controlo, obviamente, as refeições. Em casa de familiares eu estou por perto, ou deixarei indicações sobre como alimentar a criança. Francamente, se isto não é má vontade, não sei.

 

E perguntam vocês, então mas esta argumentação ajudou em alguma coisa?

Nicles.

Zero.

Niente.

Nada.

Entrou por um ouvido, saiu pelo outro. Somos maus pais porque não queremos dar bolinhos ao menino. Antevejo aqui um grande problema no futuro.

 

 

 

 

Ah, e em resposta à ameaça do "vais ver se não come açúcar", o meu homem saiu-se com esta: "dás-lhe uma vez e garanto que não dás a segunda", grande orgulho.

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publicado às 07:49


15 comentários

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De Mia a 27.11.2017 às 17:52

Quando saímos a primeira coisa que lhe disse foi que estava imensamente orgulhosa de ele ter defendido a nossa posição. Não é dele entrar em conflito com a família, por isso apreciei o esforço.
Morro de medo que se engasgue, e sinceramente acho que vou ser um pouco stressada quando começarmos com os sólidos.
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De Sonhadora a 27.11.2017 às 23:43


Acho muito bem essa vossa opção, não entendo a mania das pessoas em dar palpites em assuntos que não lhes dizem respeito, muito menos terem essa reacção. 
Cá em casa fomos muito rigorosos até aos 18 meses, depois comecei a ser mais branda. Em casa só come bolos caseiros, feitos a pensar nele, mas quando saímos começamos a dar-lhe um pouco de batatas fritas, sumos sem gás ... Não quero cair no "faz o que te digo mas não faças o que faço", se nós comemos ele também tem direito (em pequenas quantidades), quero que ele saiba que tudo é permitido em pequenas quantidades, em dias especiais. Esta é a nossa postura, quem decide ser mais rigoroso não vejo mal nenhum, é para o bem da criança.
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De Mia a 05.12.2017 às 14:21

De acordo. Por aqui temos a meta dos 2 anos porque é a recomendação médica que temos. Não quero ser hipócrita, nós comemos imensas porcarias e ele também as há de comer, de vez em quando. Mas acredito que quanto mais tarde começar, menos dificuldade terá em fazer escolhas mais saudáveis.
Inicialmente pensamos na abordagem "apenas em dias de festa". O problema é que a criança tem 7 bisavós, 4 avós e dois tios que acham que sempre que estão com o menino é dia de festa. E nós tentamos fomentar esses encontros, o que faz com que estejam juntos praticamente todas as semanas. Ora, é fazer as contas e rapidamente se conclui que a vida da pequena criatura é uma festa, e seriam menos os dias "normais"...

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