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Há muito tempo atrás, corria o ano de dois mil e oito quando uma jovem criou o seu primeiro blog. Era uma espécie de diário online onde depositava todos os seus dramas e parvoíces. Estava a meio de uma depressão, com um esgotamento e com os problemas típicos de quem começa a deixar a adolescência para entrar na vida adulta, e a juntar à festa ainda tinha a mania de que sabia tudo e tinha sempre razão, imaginem o registo. Era um blog parvo-lamechas, a tal da jovem escrevia coisas muito estúpidas, e - pior! - tinha duas ou três dezenas de pessoas que por lá passavam religiosamente todos os dias e diziam ámen com toda a merda que ela debitava.
O seu primeiro blog era isso tudo, mas era muito mais: era genuíno. Era o único sitio onde podia ser ela mesma, sem reservas, sem medos, nua. E assim foi durante uns dois anos. Um dia, uma familiar próxima deu com ele e identificou-a imediatamente. Acto contínuo: copiou o link e enviou para todas as pessoas da sua família que tinham e-mail. E foi assim que, um belo dia, a tal jovem deprimida, fragilizada e com a vida a cair aos pedaços, viu ainda toda a sua intimidade exposta e ridicularizada, por uma pessoa que era suposto protegê-la.
Fim.